O Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) manifestou preocupação com a tarifa de 50% imposta pelo governo de Donald Trump aos produtos brasileiros, alertando que o custo extra recairá sobre o bolso do consumidor norte-americano. O Brasil é o maior produtor e exportador de café do mundo e fornece cerca de um terço de todo o café consumido nos EUA.
“O que nos preocupa é que, no fim das contas, quem vai ser onerado é o consumidor norte-americano. E tudo que gera impactos ao consumo é ruim para o fluxo de comércio, ruim para a indústria e para o desenvolvimento dos países”, disse Marcos Matos, diretor-geral do Cecafé. A entidade acompanha de perto a escalada tarifária e já vinha atuando junto a parceiros nos Estados Unidos para tentar incluir o café em listas de exceções.
Até então, o café brasileiro contava com certa vantagem competitiva frente a concorrentes asiáticos como Vietnã e Indonésia, que já enfrentam tarifas. Com o novo patamar de 50%, representantes do setor avaliam que o mercado pode se tornar inviável. “Vamos ver o desenrolar disso, mas ficou complicadíssimo”, afirmou um diretor de uma das maiores exportadoras brasileiras, sob condição de anonimato.
Em 2024, o Brasil exportou mais de 50 milhões de sacas de 60 kg, recorde histórico que consolidou ainda mais a fatia do país no mercado global. Para os EUA, os embarques somaram 8,13 milhões de sacas no ano passado, crescimento de 34% em relação a 2023.
A Associação Nacional do Café dos EUA (NCA), principal entidade do setor americano, foi procurada mas preferiu não comentar o assunto. Enquanto isso, o Cecafé insiste em manter o “bom senso e a previsibilidade de mercado”, na expectativa de que o diálogo possa evitar perdas maiores para a cadeia do café, que gera milhares de empregos tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos.