O mercado brasileiro de carne de frango enfrenta uma queda significativa nos preços, tanto no atacado quanto na distribuição, em meio à expectativa pelo fim do período de vazio sanitário. A medida, que restringe temporariamente a movimentação de aves para controle de doenças, está prestes a ser encerrada — o que pode reaquecer o comércio e estabilizar os preços, segundo analistas do setor.
De acordo com Fernando Henrique Iglesias, analista da consultoria Safras & Mercado, o cenário atual ainda é de fragilidade. “Resta apenas uma semana para o encerramento do vazio sanitário e, ao que tudo indica, o fluxo de comércio será reestabelecido, já que não há novas investigações em granjas comerciais”, afirmou.
Atualmente, o Brasil investiga 15 suspeitas de Influenza Aviária de Alta Patogenicidade, sendo dez em aves de quintal e cinco em animais silvestre, situação que não compromete o status sanitário internacional do país.
Enquanto isso, os estoques seguem elevados. A manutenção de produtos em câmaras frias e contêineres frigoríficos tem sido uma das estratégias adotadas para lidar com os embargos. O México adotou medidas de regionalização, mas grandes compradores como China, Filipinas, África do Sul e União Europeia aguardam o fim do vazio sanitário para retomar negociações. A alta no preço internacional do frango também é vista como fator que pode ajudar na retomada do ritmo das exportações.
No mercado interno, os preços dos cortes congelados e resfriados caíram em São Paulo. No atacado, o quilo do peito congelado passou de R$ 10,60 para R$ 10,10; o da coxa, de R$ 7,50 para R$ 7,10; e o da asa, de R$ 11,60 para R$ 10,50.
A distribuição seguiu a mesma tendência, com recuos semelhantes. Em outras regiões, o preço do frango vivo também caiu, em especial de R$ 5,70 para R$ 5,50 em Minas Gerais e de R$ 5,60 para R$ 5,40 no Mato Grosso do Sul. A exceção foi nos estados do Norte e Nordeste, como Ceará e Pará, que mantiveram os valores.
No comércio exterior, os dados de junho indicam desempenho fraco: o país exportou 89,7 mil toneladas de carne de frango em cinco dias úteis, com receita diária de US$ 32,1 milhões. Em comparação com o mesmo período do ano anterior, houve queda de 12% no volume médio diário e de 11,7% na receita.
O preço médio da tonelada, porém, subiu 0,4%, alcançando US$ 1.791,70. O setor espera que o fim do vazio sanitário e o realinhamento com parceiros internacionais tragam novo fôlego à cadeia avícola brasileira nas próximas semanas.