A detecção de um foco de Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (IAAP) em uma granja comercial no Rio Grande do Sul desencadeou uma série de restrições às exportações brasileiras de carne de frango. Até o momento, sete importantes mercados importadores anunciaram a suspensão temporária das compras, incluindo a China - principal destino das exportações e todo o bloco da União Europeia, composto por 27 países. Esses mercados somam 32 países.
A lista completa de países que impuseram restrições inclui ainda México, Argentina, Chile, Uruguai e África do Sul. Juntos, esses mercados absorveram 42% do volume total exportado pelo Brasil em 2024, representando um fluxo comercial superior a US$ 3,5 bilhões no ano passado, conforme dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex).
O Ministério da Agricultura informou que já ativou todos os protocolos sanitários para conter o foco da doença, incluindo o sacrifício das aves na propriedade afetada e a criação de uma zona de vigilância de 10 km ao redor do local. "Estamos em contato permanente com os países importadores para demonstrar a eficácia das medidas adotadas e a limitação geográfica do caso", afirmou o ministro Carlos Fávaro em coletiva de imprensa.
A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) destacou que 60% dos parceiros comerciais adotaram o princípio da regionalização, mantendo as importações de outros estados. Entre eles estão Japão, Arábia Saudita e Filipinas. "Estamos confiantes na capacidade de rápida normalização, como ocorreu em episódios anteriores", declarou o presidente da entidade, Ricardo Santin.
Especialistas do Cepea/Esalq-USP alertam, porém, que um prolongamento das restrições pode pressionar os preços domésticos, já que o Brasil exporta cerca de 30% de sua produção de frango. O setor aguarda agora os resultados das negociações diplomáticas e a evolução das ações de controle sanitário para dimensionar os reais impactos sobre a cadeia produtiva.