A aplicação dos protocolos de sincronização para Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF), representa uma redução na pegada de carbono estimada em 21,4 milhões de toneladas de CO₂ equivalente, impacto comparável à retirada de 853 mil veículos das ruas e à preservação de 192 mil hectares de vegetação nativa do Cerrado brasileiro.
Os dados integram um estudo inédito, proposto pela GlobalGen vet science e desenvolvido em parceria com a FMVZ/USP e Embrapa Gado de Leite, que quantificou, nas condições de manejo típicas do Brasil, a pegada de carbono gerada na produção de carne e leite, comparando sistemas adeptos de IATF àqueles que ainda seguem modelos convencionais, baseados em monta natural.
“Neste estudo pudemos demonstrar os impactos do uso da biotecnologia da IATF sobre a eficiência reprodutiva do rebanho, bem como na redução da pegada de carbono, evidenciando ganhos expressivos em produtividade nos sistemas de produção mais eficientes”, explica o gerente de marketing da GlobalGen Vet Science, Gabriel Sandoval.
O estudo, realizado sob a responsabilidade do professor titular do Departamento de Reprodução Animal da FMVZ/USP, Pietro Baruselli, também contou com o grupo de pesquisa Laís Abreu, doutoranda sob orientação de Baruselli, e Vanessa de Paula, da Embrapa Gado de Leite.
Conforme detalha Sandoval, para o estudo, foram determinados dois cenários distintos: o 1º com monta natural e o 2º com uso da IATF. A base de informações para o estudo, considerou dados primários da GlobalGen (volume de protocolos comercializados), bancos como Ecoinvet e referência técnicas da Embrapa.
A metodologia seguiu as diretrizes da Avaliação do Ciclo de Vida (ACV), conforme as normas ISO 14040/44/67 e o IPCC (2019). “Neste estudo, a análise considerou todas as emissões geradas, desde a produção dos insumos até o momento em que o leite e a carne saem da fazenda, sem incluir transporte e industrialização”, relata o gerente.
De acordo com Sandoval, a metodologia converteu todas as emissões em quilogramas de dióxido de carbono equivalente (kg CO2 eq), padronizando a comparação de diferentes gases (metano, óxido nitroso e CO2).
“No sistema de leite, 595 mil vacas em lactação foram inseminadas com IATF. A produção subiu 36% e a pegada de carbono caiu de 1,44 para 1,06 kg CO2eq por quilo de leite. O ganho foi atribuído à redução da idade ao primeiro parto, do intervalo entre partos e aos ganhos genéticos associados à inseminação”, comenta.
Já no sistema de corte, ele informa que 4 milhões de vacas foram sincronizadas com IATF. A produção aumentou 27% e a pegada de carbono caiu de 41,46 para 27,91 kg CO2eq/kg peso vivo. Também houve redução da idade ao primeiro parto (de 48 para 24 meses), aumento da taxa de desmame (de 60% para 80%) e ganho de peso nos bezerros.
Com base nos dados obtidos, o estudo mostra que a IATF reduziu em até 49% a pegada de carbono na produção de carne bovina e em 37% na de leite, ao mesmo tempo em que ampliou significativamente a produtividade.
“A eficiência reprodutiva tem impacto direto sobre a lucratividade e a sustentabilidade dos sistemas de produção. Se a pecuária de cria for mais eficiente, aumentaremos a produção de bezerros, e, consequentemente, teremos maior produção de arrobas por hectare, reduzindo, portanto, os custos de produção”, conclui Sandoval.