A segunda safra de milho de 2025, que começou sob incertezas climáticas, agora enfrenta outro desafio que tem exigido atenção redobrada dos produtores: o aumento da pressão de pragas nas lavouras. Percevejos, pulgões, cigarrinhas e, principalmente, lagartas como Helicoverpa armigera e Spodoptera frugiperda têm exigido monitoramento constante e maior investimento em defensivos.
De acordo com Sérgio Giampaoli, gerente de Desenvolvimento de Mercado Sul da BASF Soluções para Agricultura no Brasil, a combinação de estresse hídrico com períodos de alta umidade favoreceu tanto o surgimento de doenças quanto a proliferação de pragas. “Essas condições climáticas deixaram as plantas mais suscetíveis, e temos visto aumento significativo de pulgões e lagartas em várias regiões, com impactos já visíveis em parte das lavouras”, afirma.
Em Tapurah (MT), o produtor Silvésio Oliveira relata um ataque severo de lagartas, mesmo com o uso de tecnologias em sementes. “Foi necessário fazer até seis aplicações de defensivos, o que aumentou muito nosso custo. As tecnologias não controlaram as lagartas como esperávamos”, lamenta.
No município de Campos de Júlio (MT), o produtor Tiago Daniel Comiran também enfrentou dificuldades com pragas e doenças fúngicas, enquanto em Laguna Carapã (MS) o técnico agrícola Antônio Rodrigues Neto destaca o aumento da incidência de pulgões, que resistem aos tratamentos por se abrigarem no cartucho do milho.
Em Querência (MT), o presidente do Sindicato Rural, Osmar Frizzo, relata que o controle do percevejo segue ineficaz e que as tecnologias de controle não têm entregado os resultados esperados, sendo necessário realizar múltiplas aplicações para conter os danos causados pelas lagartas.
Giampaoli alerta para a importância da adoção de práticas de manejo integrado de pragas e de resistência de insetos, como a rotação de culturas, uso de refúgios e rotação de princípios ativos dos defensivos. “Sem essas práticas, a eficácia das tecnologias tende a cair, elevando os riscos e os custos da produção”, explica.