Tecnologia recombinante impulsiona resultados sólidos na IATF brasileira

Inovação da indústria de saúde animal mostra resultados consistentes no campo, com eficácia comprovada e praticidade que transformam a reprodução no país

André Luiz Casagrande
02/05/2025 09h09 - Atualizado há 1 dia
Tecnologia recombinante impulsiona resultados sólidos na IATF brasileira
Foto: Divulgação / Secretária de Agricultura e Abastecimento de São Paulo

A Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF) transformou a realidade da reprodução bovina no Brasil. Adotada inicialmente para superar os desafios da detecção de cio e melhorar os índices de fertilidade, a técnica hoje é essencial para propriedades que buscam eficiência reprodutiva.

Na avaliação do gerente técnico da Unidade de Pecuária da Ceva, Alexandre Souza, a utilização da tecnologia recombinante representa um marco importante na pecuária e um avanço significativo, pois permite que os produtores tenham acesso a fármacos utilizados na reprodução bovina com maior pureza, menor variação entre lotes e, consequentemente, mais constância nos resultados a campo. Isso ocorre porque a produção é feita em biorreatores com condições controladas.

“Além disso, essa tecnologia permite “desenhar” a função e a potência da molécula — no caso, o eCG — de forma mais precisa, ajustando sua meia-vida e função biológica para o melhor desempenho conforme o propósito do medicamento. Outro ponto importante é que tudo isso ocorre sem o uso de animais no processo produtivo, o que é cada vez mais valorizado diante das crescentes preocupações com o bem-estar animal”, acrescenta.

Os benefícios da IATF para a pecuária

De forma geral, conforme explica Souza, a possibilidade de controlar o momento da ovulação por meio de fármacos, como acontece na IATF, é a base dos programas de melhoramento genético via inseminação artificial e transferência de embriões. Para se ter uma ideia, mais de 90% das inseminações artificiais realizadas no Brasil estão associadas a protocolos hormonais que viabilizam a IATF.

Segundo ele,esses protocolos reproduzem de forma fisiológica os níveis hormonais naturais das vacas e também ajudam a corrigir problemas reprodutivos como anestro, condições císticas e ciclos irregulares. Os ganhos proporcionados pela IATF estão ligados ao avanço genético dos rebanhos e ao aumento da lucratividade, especialmente na pecuária leiteira, onde a técnica contribui para reduzir o intervalo entre partos e melhorar a produção média.

“Na pecuária de corte, a IATF também aumenta a taxa de desfrute, viabiliza cruzamentos industriais com sêmen de touros com características desejáveis (como precocidade, marmoreio e habilidade materna), e permite a sincronização dos partos na melhor época do ano — favorecendo o ganho de peso até o desmame e reduzindo a taxa de mortalidade dos bezerros”, relata o profissional.

Cronologia

O uso da eCG em protocolos de IATF começou há cerca de 20 anos no Brasil e teve um impacto significativo no aumento das taxas de concepção, especialmente em protocolos à base de estradiol e progesterona aplicados em animais a pasto ou com menor condição corporal.

A eCG é particularmente eficaz em vacas em anestro, que são comuns no pós-parto ou em sistemas extensivos, pois estimula a retomada da atividade ovariana e o crescimento folicular.

Em vacas tratadas, as taxas de ovulação ultrapassam os 80%. O hormônio também contribui para a formação de um corpo lúteo mais funcional, o que melhora ainda mais as taxas de concepção. Por isso, o uso da eCG se tornou praticamente indispensável nos sistemas de produção pecuária no Brasil, tanto para rebanhos de leite quanto de corte.

Panorama do segmento

O especialista conta que, desde 2001, o grupo do Prof. Pietro Baruselli realiza levantamentos anuais sobre a utilização de protocolos hormonais de IATF em rebanhos no Brasil. Esses dados mostram um crescimento expressivo, ultrapassando a marca de 20 milhões de protocolos realizados nos últimos anos.

Para Souza, a IATF é, atualmente, uma biotecnologia consolidada no país, sendo amplamente utilizada em rebanhos de leite e de corte, adaptando-se aos mais diversos manejos. Existem protocolos específicos conforme a necessidade e o perfil produtivo de cada rebanho, que muitas vezes são combinados a tecnologias de diagnóstico precoce de prenhez, como a ultrassonografia convencional ou com Doppler.

“Ou seja, para alcançar os melhores resultados, é essencial investir em planejamento, capacitação da equipe, manejo adequado e acompanhamento por profissionais especializados”, finaliza.


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