O mercado da pecuária entra em cenário de expectativas distintas quando se observa o curto, médio e longo prazo. Em curtíssimo tempo, começo de mês, primeira quinzena que costuma vigorar o consumo de carne bovina e ainda conta com a segunda data mais importante para consumo, o Dia das Mães. No médio prazo, a pressão do final da safra de bois e no longo (três meses) os efeitos da seca.
Ao começar a argumentar no inverso do parágrafo de abertura, chamado de lead (que pretensiosamente, resume tudo que ocorre no texto), temos o prazo mais estendido. Este período tem características cíclicas bem definidas, com redução de pastagens disponíveis para os bovinos, o descarte maior de animais é o principal efeito, seguido de escalas industriais mais sólidas (não acredito em frouxa, como nos últimos anos) pressionando o valor da arroba. A observação dos negócios na B3 traz um bom entendimento sobre o fato. Os negócios, há algumas semanas, nas posições de outubro, novembro e dezembro, rondavam a casa dos R$ 350,00 por arroba, agora (fechamento de 28/4) posicionadas entre R$ 335,50 e R$ 342,10. O que mudou? O entendimento de momento, pois ao chegar nos meses citados a arroba, provavelmente, estará, no mínimo, na marca dos R$ 350,00.
O médio prazo vai ocorrer de maneira diferente nas praças produtoras. Em algumas delas, castigadas pelo clima e sem receber grandes volumes de água, o final da safra de bois vai acelerar a oferta e pressionar preços. Em alguns estados pode não ser assim, pois ainda que a previsão seja de volume menor de chuvas, as precipitações recentes com grandes volumes de água, podem atrasar o período, vide o caso de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Mesmo nos pantanais de MS os níveis dos rios da chamada bacia pantaneira estão “dando teto na régua”, fator que traz um alívio em vários sentidos. Por outro lado, com operação existente na maior parte das indústrias, simplesmente é possível alterar o foco de comprar de uma praça para outra e fazer aquisições onde a oferta for maior e, consequentemente, mais barata.
No curto prazo, escrevi praticamente tudo: é mês de maio, primeira quinzena, Dia da Mães e um consumo maior de carne bovina com define o período.
Por falar em consumo, antes de citar as parciais de exportação de carne bovina, se o levantamento do Instituto Paraná Pesquisas, publicado na última semana estiver certo, a picanha está realmente mais longe do prato dos brasileiros. Foram 2.020 eleitores nos 26 estados brasileiros e no distrito federal, em 160 municípios que responderam, entre os dias 16 e 19 de abril, grau de confiança de 95%. A pesquisa mostra que a população está pressionada pela alta dos alimentos no atual Governo, que destacou que apenas 18,9% sentiram melhora na situação financeira. Para 42,7%, o quadro permanece igual. Outros 36,8% relatam que piorou.
Ontem, segunda-feira, a Secretaria de Comércio Exterior apresentou que os embarques de carne bovina totalizaram 211,5 mil toneladas até o fechamento da quarta semana de abril. No mesmo mês, ano passado, as exportações foram de 207,7 mil toneladas. A média diária segue forte com e alcança 12,4 mil toneladas, 31,8% maior que abril/24. Mas o que gosto de destacar são os preços médios em US$ 5.021,2 mil por tonelada 10,8% superior ao visto em abril de 2024.