A nova escalada da guerra comercial entre Estados Unidos e China já causa turbulência no mercado internacional da soja. Após o presidente norte-americano Donald Trump anunciar um pacote tarifário agressivo, a China respondeu nesta sexta-feira (4) com a imposição de uma tarifa adicional de 34% sobre todos os produtos dos EUA — incluindo a soja, uma das principais exportações norte-americanas.
A medida repercutiu imediatamente nas bolsas e no mercado físico. Em Chicago, o contrato futuro com vencimento em maio caiu 2,44% na semana, fechando a US$ 9,98 por bushel — abaixo da marca simbólica dos US$ 10.
No Brasil, os preços da saca de 60 quilos também recuaram: Porto de Paranaguá (PR): de R$ 133 para R$ 131; Passo Fundo (RS): de R$ 130 para R$ 128; Cascavel (PR): de R$ 126 para R$ 124; e em Rondonópolis (MT); de R$ 115 para R$ 112.
Apesar da queda inicial, analistas acreditam que o Brasil poderá se beneficiar da nova configuração comercial. Fernando Iglesias, da consultoria Safras & Mercado, destaca: “Se essas tarifas se mantiverem por mais tempo, o Brasil tende a ganhar espaço no mercado chinês, que é o maior comprador mundial de soja.”
O analista Rafael Silveira também vê cenário favorável no médio prazo, especialmente com o avanço da colheita no Brasil. “A China deverá intensificar suas compras aqui, reduzindo a dependência dos EUA, que devem ver seus embarques caírem no segundo semestre.”
Por outro lado, Gabriel Viana, também da Safras & Mercado, faz um alerta: “A política externa de Trump é baixista para todo o complexo soja. A imposição generalizada de tarifas afeta a confiança dos mercados e pressiona os preços internacionais.”
Com a colheita praticamente encerrada no Brasil e o início da safra na Argentina, a América do Sul deve se consolidar como principal fornecedora global nos próximos meses