A citricultura brasileira está em plena migração geográfica devido ao avanço do huanglongbing (HLB), conhecido como greening, considerada a pior doença dos citros no mundo. Com o aumento dos casos no tradicional cinturão citrícola — que inclui São Paulo (exceto o litoral), Triângulo Mineiro e sudoeste de Minas Gerais — produtores estão expandindo a produção para estados como Mato Grosso do Sul, Goiás, Paraná e o Distrito Federal.
A mudança vem sendo monitorada pela Embrapa e pelo Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus), que utilizam estudos de zoneamento climático e fitossanitário para orientar os citricultores na busca por áreas menos suscetíveis à doença. "A Embrapa está comprometida com a cadeia produtiva e atua para mitigar o HLB, mas também para avaliar o potencial de novas áreas", afirma Francisco Laranjeira, chefe-geral da Embrapa Mandioca e Fruticultura.
O Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) é uma das principais ferramentas para apoiar a expansão segura da citricultura. O estudo avalia fatores como déficit hídrico, variações de temperatura e risco de pragas, como o psilídeo, inseto transmissor do greening. "A publicação que elaboramos serve como norte para os produtores que buscam migrar", explica Mauricio Coelho, coordenador do projeto Zarc Citros.
O movimento migratório, iniciado em 2023 e intensificado em 2024, já apresenta resultados concretos. Empresas como Cambuhy Agrícola e Agroterenas estão ampliando seus pomares em Mato Grosso do Sul, com projeção de gerar centenas de empregos. No entanto, dificuldades como clima adverso, escassez de mão de obra e distância dos mercados consumidores impõem desafios. "Por isso, os dados da Embrapa são estratégicos", ressalta Danilo Yamane, consultor da FortCitrus.
