A recente decisão do governo brasileiro de zerar a tarifa de importação para carne desossada de bovinos congelada não trará impacto significativo para a indústria nacional de carnes nem para os preços no mercado doméstico, segundo avaliação do economista Felippe Serigati, da FGV Agro.
O corte tarifário, que reduziu de 10,8% para zero a alíquota de importação desse tipo específico de carne, foi oficializado na última semana pelo Comitê Executivo de Gestão da Câmara de Comércio Exterior (Camex), vinculado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).
Em 2024, o Brasil importou apenas 20,18 mil toneladas de carne desossada de bovinos congelada, sendo que 18,69 mil toneladas vieram de países do Mercosul, já beneficiados pela tarifa zero no comércio com o Brasil. Esse cenário, segundo Serigati, ajuda a explicar a falta de impacto da medida no mercado interno.
“O ponto principal é que a demanda por carne bovina, tanto interna quanto externa, está aquecida. Além disso, há uma menor disponibilidade global da proteína, com queda de oferta em países produtores como os Estados Unidos, o que pressiona os preços mundialmente”, explicou o economista.
Mesmo diante do cenário de alta nos preços internacionais, o Brasil mantém sua posição de maior exportador global de carne bovina, atingindo recordes mensais de exportação. Segundo Serigati, a expectativa de que o corte tarifário possa reduzir o preço da carne no mercado doméstico não se sustenta diante da dinâmica atual de oferta e demanda.