O presidente Luiz Inácio Lula da Silva visitará, na próxima sexta-feira (7), um assentamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) pela primeira vez em seu atual mandato. A escolha recaiu sobre o assentamento Quilombo Campo Grande, localizado em Campo do Meio (MG). Na viagem, Lula estará acompanhado pelos ministros Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário) e Márcio Macêdo (Secretaria-Geral da Presidência), responsável pelo diálogo com os movimentos sociais.
A visita ocorre pouco mais de um mês após Lula ter recebido lideranças do MST no Palácio do Planalto, em 30 de janeiro. Durante o encontro, os representantes do movimento convidaram o presidente para conhecer um assentamento e cobraram medidas mais concretas na reforma agrária. Eles também expressaram descontentamento com o ritmo de assentamento de novas famílias no terceiro mandato do petista.
"Viemos falar para o presidente que estamos insatisfeitos com a reforma agrária. O que o governo fez está muito aquém do que foi prometido. Somente 3.500 famílias foram assentadas nos últimos dois anos", declarou à imprensa, na ocasião, João Paulo Rodrigues, integrante da coordenação nacional do MST.
O movimento também reivindicou um aumento no orçamento do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) da agricultura familiar, elevando-o de R$ 750 milhões para R$ 2 bilhões, além do assentamento de 65 mil famílias em 2025. Em resposta, o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) afirmou que essa meta será atingida até o fim de 2026 e se comprometeu a acelerar os assentamentos.
A visita de Lula ocorre em um momento de queda na popularidade do presidente, conforme indicam pesquisas recentes. Em meio a esse cenário, o governo tem intensificado sua presença nos estados, com anúncios de obras e programas no Rio de Janeiro, Bahia, Amapá, Pará e Rio Grande do Sul.
A ida ao assentamento do MST tem um caráter estratégico, voltado para a reaproximação com uma base eleitoral historicamente ligada ao presidente. O descontentamento de setores do movimento com o ritmo da reforma agrária tornou essa agenda uma prioridade política.
Outro ponto de atenção é a pressão sobre o ministro Paulo Teixeira, alvo de críticas do MST e até de pedidos de substituição em novembro do ano passado. A insatisfação com a condução da reforma agrária colocou o ministro sob escrutínio, especialmente no contexto da reforma ministerial conduzida por Lula.
Já Márcio Macêdo, também presente na comitiva, enfrenta um momento mais estável. A recente nomeação de Gleisi Hoffmann para a Secretaria de Relações Institucionais (SRI) reduziu as especulações sobre mudanças na Secretaria-Geral da Presidência, onde Macêdo permanece no cargo sem ameaças iminentes.