Enzima impulsiona produção de tilápias no Brasil

Inclusão de protease na dieta dos peixes pode trazer benefícios expressivos, tanto em termos de saúde animal quanto de rentabilidade para os produtores

André Luiz Casagrande
28/02/2025 08h52 - Atualizado há 1 semana
Enzima impulsiona produção de tilápias no Brasil
Foto: Divulgação

Nos últimos anos, a piscicultura brasileira tem se consolidado como um dos segmentos mais promissores do agronegócio, impulsionada especialmente pela produção de tilápias. Representando 65% da produção nacional de peixes de cultivo, essa atividade movimenta bilhões de reais e emprega milhões de pessoas direta e indiretamente.

No entanto, para manter o crescimento sustentável e otimizar a produção, o setor busca constantemente inovações nutricionais. Dentre elas, destaca-se a utilização da protease exógena, considerado um dos avanços mais significativos nesse cenário.

A protease exógena é uma enzima que ajuda na digestão das proteínas presentes na ração dos peixes. Ao adicionar o suplemento à dieta, é possível melhorar a digestibilidade das proteínas, o que significa que o peixe consegue absorver mais nutrientes essenciais para o seu crescimento.

“Com a protease exógena, conseguimos aumentar a eficiência alimentar, o que não só favorece o crescimento dos peixes, mas também reduz o desperdício de nutrientes e os custos de alimentação”, explica a nutricionista animal da Quimtia Brasil, Juliana Forgiarini.

De acordo com a especialista, a inclusão dessa enzima na dieta dos peixes pode trazer benefícios expressivos, tanto em termos de saúde animal quanto de rentabilidade para os produtores.

“Ela melhora significativamente a conversão alimentar, o que significa que as tilápias crescem mais rapidamente e de maneira mais saudável, utilizando uma menor quantidade de ração para atingir o peso ideal. Isso reduz custos para o produtor e aumenta o rendimento”, detalha.

Ainda segundo a nutricionista, ao possibilitar uma digestão mais eficiente, a enzima também reduz o desperdício de nutrientes, impactando diretamente a qualidade da água dos viveiros. “A menor carga orgânica nos tanques diminui a proliferação de patógenos, reduzindo a incidência de doenças e a necessidade de tratamentos preventivos, tornando a piscicultura mais sustentável”, enfatiza.

Embora os peixes já produzam proteases endógenas para a digestão das proteínas, a suplementação com enzimas exógenas melhora significativamente a eficiência digestiva. Para Juliana, sem essa tecnologia, o desempenho zootécnico torna-se menos eficiente, exigindo uma maior quantidade de ração e ingredientes mais digestíveis para atingir os mesmos resultados.

“A tecnologia, como o uso de proteases exógenas, tem otimizado a digestão e o crescimento dos peixes, reduzindo o desperdício de nutrientes e melhorando a qualidade da água. Isso resulta em peixes mais saudáveis, contribuindo para o bem-estar animal e a sustentabilidade da produção”, acrescenta.

Benefícios diretos para o produtor
A alimentação representa uma das principais despesas na criação de tilápias, e qualquer ganho de eficiência nesse aspecto significa maior rentabilidade. Para o gerente técnico da Quimtia, Almiro Bauermann, a suplementação com protease exógena, vem demonstrando resultados promissores na melhoria da conversão alimentar e da absorção de nutrientes.

Segundo ele, isso se traduz em uma produção com mais respeito, responsabilidade e sustentabilidade, além de peixes mais saudáveis, maior ganho de peso e redução do impacto ambiental.

Com a melhor digestão das proteínas, há um aumento na retenção de nutrientes nos animais, o que contribui também para a melhor qualidade da carne de tilápia, atendendo às crescentes exigências dos mercados interno e externo.

“Com a expectativa de que a tilápia represente até 80% do mercado de peixes de cultivo no Brasil até 2030, a adoção de tecnologias nutricionais inovadoras, como as proteases, pode ser um diferencial competitivo essencial”, finaliza Bauermann.


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