Atraso na safrinha e estoques baixos impulsionam o mercado de milho.

Os contratos futuros do cereal acumularam valorização de até 5,8% na B3 desde o início de 2025.

- Da Redação, com Notícias Agrícolas
14/02/2025 09h03 - Atualizado há 3 semanas
Atraso na safrinha e estoques baixos impulsionam o mercado de milho.
Foto: reprodução

Os atrasos no início da safrinha 2025 de milho no Brasil estão gerando preocupações sobre o já apertado cenário dos estoques globais do grão, que atingiram o menor nível em dez anos. De acordo com o último relatório de oferta e demanda do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), os estoques finais globais foram revisados para baixo, passando de 293,34 milhões para 290,31 milhões de toneladas.

Essa queda nos estoques reflete uma produção menor, especialmente no Brasil e na Argentina. Ambos os países tiveram suas estimativas de safra reduzidas em um milhão de toneladas, com o Brasil agora projetando 126 milhões de toneladas e a Argentina, 50 milhões.

O USDA destacou que o comércio global de milho desacelerou no mês passado, com exportações menores de fornecedores importantes como Brasil e Ucrânia, além de uma queda nas importações da China, estimada em três milhões de toneladas. Mesmo assim, os preços do milho subiram em todas as principais regiões produtoras, tendência observada desde janeiro.

No Brasil, o preço do milho no porto de Paranaguá subiu de US$ 225,00 para US$ 244,00 por tonelada em um mês, um aumento de 18% em relação a fevereiro do ano passado. Na Argentina, o preço subiu de US$ 214,00 para US$ 232,00, com alta de 16% na comparação anual. Na Ucrânia, o valor passou de US$ 218,00 para US$ 227,00, uma alta de 31% em um ano, enquanto nos Estados Unidos o preço foi de US$ 214,00 para US$ 226,00, registrando um aumento de 14% em relação a fevereiro de 2024.

Esse desequilíbrio entre oferta e demanda, criando um déficit histórico, é o principal motor dos preços globais. "O mercado continua cauteloso perante ao aperto nos estoques globais e a forte competitividade do milho americano na exportação", afirmaram analistas da Agrinvest Commodities.

Nos Estados Unidos, as vendas semanais de milho já atingiram 46,415 milhões de toneladas para exportação, de um total estimado de mais de 62 milhões para a temporada, um volume significativamente maior do que o registrado no mesmo período do ano passado.

"O programa de milho continuará crescendo. Além dos preços competitivos do milho americano na exportação, o clima ruim já trouxe expressiva redução no potencial produtivo do milho na Argentina. O atraso na colheita de soja no Brasil já reflete em atrasos no plantio do milho safrinha. E assim é possível que a entrada do milho ocorra mais tarde nesta temporada do Brasil, alongando o programa de exportação dos EUA", destacou a Agrinvest.

No Brasil, os produtores rurais relatam que as chuvas continuam atrasando o plantio da segunda safra de milho em regiões como o Centro-Oeste e o Matopiba. Esse atraso no plantio pode resultar em uma colheita mais tardia, o que, segundo analistas, pode apertar ainda mais os estoques de milho ao final do primeiro semestre, impulsionando a alta do contrato maio/25 na B3.

Desde o início do ano até esta quinta-feira (13), os preços futuros do milho na B3 apresentaram aumentos expressivos. O contrato de maio subiu 5,82%, de R$ 72,53 para R$ 76,75 por saca. Já o contrato de julho teve alta de 4,29%, passando de R$ 69,85 para R$ 72,85, enquanto o de setembro subiu 3,70%, de R$ 70,20 para R$ 72,80.

Além das condições climáticas, os atrasos na entrega de insumos também preocupam. "Temos escutado cada vez mais relatos de problemas na entrega de adubos e isso complica ainda mais um processo que já está atrasado. Fizemos nossa atualização dos números de milho com uma redução de quatro milhões de toneladas na safra total de milho", afirmou Cristiano Palavro, diretor de Pátria Agronegócios.

Palavro ressaltou ainda que a safra de verão enfrenta desafios devido à redução de área plantada nos dois maiores produtores do país – Rio Grande do Sul e Minas Gerais – em relação ao ano passado, além de previsões menores para a segunda safra. "Não vamos conseguir colocar no chão tudo aquilo de planejamento até o final de 2024", afirmou.

Com esses desafios, o mercado de milho segue aquecido, tanto para o produto disponível quanto para os contratos futuros da segunda safra. "Essa questão logística preocupa, porque a entrega dos insumos tem sido difícil em algumas regiões", concluiu Palavro.


 


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