Lucratividade do pecuarista passa por decisões embasadas em dados
Aporte tecnológico para manejo do gado é essencial para que o produtor obtenha informações confiáveis e precisas que ajudarão na gestão e estratégia no negócio
André Luiz Casagrande
17/01/2025 09h52 - Atualizado há 4 dias
Foto: Reprodução
Com o avanço da tecnologia no campo, o produtor rural passou a ter acesso a mais dados sobre sua fazenda, porém, não basta ter apenas esses números, se estes não forem precisos e confiáveis para que possam embasar as melhores tomadas de decisões.
No caso da pecuária, independentemente da vocação da fazenda (cria, recria, engorda ou atividade leiteira), as escolhas passam, obrigatoriamente, por fatores importantes, como compra e venda dos animais, gestão de desperdícios, programação de dietas, entre outros itens. Portanto, para ser assertivo é preciso contar com ferramentas que ajudem a otimizar a gestão garantindo ganhos financeiros.
De acordo com o professor do programa de pós-graduação da UNESP – Jaboticabal e Pesquisador Científico – APTA Colina/SP, Flávio Dutra de Resende, mesmo com o acesso facilitado às tecnologias, ainda há muitos produtores resistentes às mudanças e às inovações.
“Ou seja, vão tocando a fazenda e quando algo dá errado no final não sabem o motivo, pois não têm controle e não conseguem indicar os problemas. Sem dados não é possível fazer nenhum tipo de gestão ou identificação dos gargalos no sistema de produção pecuário”, destaca.
Atenção aos processos
Pensando na engorda intensiva, por exemplo, que exige um maior investimento, o primeiro ponto a se atentar é em relação ao valor da dieta dos animais. Segundo Resende, a partir do momento que o pecuarista faz a análise dos custos, ele naturalmente tende a selecionar os animais mais eficientes.
“O alvo hoje são aqueles com ganho de peso acima de 1,100 kg carcaça/dia. Porém, não são todos os bovinos que vão conseguir ter esse desempenho dentro do mesmo lote e, mais uma vez, é preciso ter gestão e dados para fazer a seleção com base nos indicadores e consequentemente atingir as metas de produção”, pontua.
O médico veterinário e diretor da Criatec Consultoria em Agronegócios, William Marchió, reforça que na etapa de engorda cada detalhe é importante e vai fazer muita diferença no final. “Se o pecuarista conseguir imprimir 100 gramas de ganho de peso/dia por animal, ao final do ciclo ele pode atingir o ganho de mais de uma arroba. Obviamente que não é tão simples, mas é onde certamente estará o seu lucro”, afirma.
A dieta
Para que esse ganho de peso diário seja eficiente, além da correta seleção dos animais, é preciso atenção com a qualidade da formulação da dieta que será fornecida. Muitos confinamentos utilizam ainda a “bica corrida”, ou seja, o vagão de distribuição começa na primeira baia e vai despejando o alimento ao rebanho na linha de cocho sem contabilização por lote.
De acordo com o especialista, este pecuarista não terá a métrica de quilos de matéria seca por @ produzida, algo que é extremamente importante em um confinamento. “Dessa forma, ele pode estar tendo prejuízo e nem sabe. Além disso, dieta formulada não tem nada a ver com dieta consumida”, analisa Resende.
Ainda segundo o veterinário, a recomendação é buscar alternativas que possam garantir a eficiência e a precisão na formulação dessas dietas. “É preciso ter a medida certa da qualidade de mistura para que aquilo que for formulado seja distribuído na lida de cocho como foi formulado. Além disso, é importante a utilização de uma balança para que se tenha controle das quantidades que estão sendo entregues em cada baia”, detalha.
“São ferramentas como as balanças, por exemplo, que vão agregar nesse processo de avaliação. Esses equipamentos simplificaram a maneira de avaliar, trazendo eficiência na solução desses problemas básicos do dia a dia dos confinamentos”, complementa Marchió.
Gestão tecnológica
Como o produtor não tem autonomia para interferir nas oscilações de preço do mercado, a solução é ser eficiente da porteira para dentro. Para isso, é preciso ter uma boa gestão operacional, algo que cada vez mais vai demandar tecnologia.
Diante disso, o executivo reforça que a automação é algo fundamental nessa jornada, pois ajudará a melhorar a falta de mão de obra, além de otimizar as atividades. “Quando os processos são automatizados, dependemos cada vez menos do erro humano. Com as margens de lucro cada dia mais restritas, quanto mais eficiente a fazenda for, menor serão os impactos com as oscilações do mercado pecuário”, arremata Marchió.