Bem-estar animal impulsiona o setor leiteiro rumo à sustentabilidade

Nas fazendas certificadas, as diretrizes dessa tecnologia animal ajudam no manejo e na produção

André Luiz Casagrande
03/01/2025 09h17 - Atualizado há 2 semanas
Bem-estar animal impulsiona o setor leiteiro rumo à sustentabilidade
Foto: Reprodução
Com uma produção anual maior que 34 bilhões de litros, o Brasil a terceiro lugar, como maior produtor de leite do mundo. No País, essa atividade envolve 98% dos municípios, o que resulta em empregos para cerca de 4 milhões de pessoas, que enfrentam a pressão da crescente demanda por inovação e sustentabilidade. Nesse sentido, a certificação de bem-estar animal se destaca como uma alternativa economicamente viável para garantir que a produção de leite atenda aos mais rigorosos padrões de qualidade e respeito animal.
 
Piero Alberti, sócio da fazenda Terra Límpida, Cássia dos Coqueiros, SP, afirma que a Certified Humane, organização sem fins lucrativos de certificação de bem-estar animal internacional, tem como missão melhorar a qualidade de vida dos animais de produção, por meio do cumprimento de padrões específicos de cuidados e manejos, desde o nascimento até ao final da vida produtiva do animal. Os referenciais e certificação concedidas pelo Certified Humane ajudam produtores e processadores a se diferenciarem no mercado.
 
No caso de vacas leiteiras, o processo de certificação de bem-estar envolve o cumprimento das exigências definidas no Referencial para Criação de Bovinos de Leite do Certified Humane. Ou seja, cumprir as diretrizes da norma garante que os animais estejam em condições positivas em relação à nutrição, à sanidade, ao manejo e ao ambiente, asseguram aos produtores a qualidade do leite, resultando em benefícios para a imagem da marca e para o produto final.
 
Nesse sentido, o bem-estar animal nas fazendas leiteiras certificadas apresenta vantagens em relação à saúde e à qualidade de vida dos animais, além de maior eficiência da cadeia produtiva. Animais bem cuidados e manejados de forma adequada produzem leite de melhor qualidade e em maior quantidade, resultando em benefícios para o produtor e para o consumidor. O manejo responsável minimiza o estresse e o risco de doenças nos bovinos, o que reflete na redução nas perdas de produção e na melhoria do ambiente de trabalho da equipe, diminuindo riscos de acidentes com os animais e as pessoas.
 
Em regiões tropicais, onde grande parte do território brasileiro está situada, as altas temperaturas e a radiação solar intensa podem colaborar para o estresse térmico para as vacas leiteiras, isso porque e elas ativam mecanismos fisiológicos e comportamentais para a regulação da temperatura corporal quando expostas a um ambiente acima de 22°C e umidade do ar superior a 50%. Esse tipo de estresse, ao dificultar o equilíbrio entre a produção e a perda de calor corporal, reduz a produção de leite, além do desempenho reprodutivo e o bem-estar geral dos animais.
 
Para enfrentar esses desafios, produtores podem incluir estratégias de manejo ambiental, como sombreamento, ventiladores e sistemas de resfriamento com aspersores. Essas adaptações se refletem na criação de um ambiente mais confortável e fresco, o que colabora no aumento da produtividade, além de garantir que as vacas mantenham sua saúde e bem-estar durante períodos de calor extremo. Com investimentos em infraestrutura e em práticas que prezam o bem-estar animal, as propriedades leiteiras têm atestado melhorias na qualidade e na quantidade de leite produzido, além de assegurar a sustentabilidade e o futuro das suas operações.
 
Exemplo de sustentabilidade
A Terra Límpida, localizada em Cássia dos Coqueiros, SP, é certificada com o selo da Certified Humane. “Uma agricultura em harmonia com a natureza” é o lema da fazenda, que encara o bem-estar animal como prioridade. Na Terra Límpida são criadas 90 vacas em lactação e, diariamente, são produzidos 1.300 litros de leite.
 
Para Piero Alberti, sócio da Terra Límpida, o selo Certified Humane oferece aos clientes a segurança de que estão adquirindo produtos gerados de acordo com normas rigorosas de bem-estar animal. “Conhecemos a certificação através de produtos de outras empresas e consideramos fundamental demonstrar para os clientes as boas práticas do nosso manejo”, explica. Ele acredita que, respeito e harmonia com a natureza, os animais são diferenciais para empresas do setor hoje em dia.
 
A Certified Humane realiza periodicamente a revisão dos seus referenciais para manter atualizados os padrões de bem-estar animal. A versão mais recente da norma para criação de vacas leiteiras, de junho de 2023, atualizou diretrizes para nutrição, manejo e alojamento de vacas leiteiras, bezerros e touros.
 
Entre as mudanças, Alberti destaca a especificação dos critérios associados à nutrição dos animais, com esclarecimentos relacionados aos produtores que adotam o sistema de criação a pasto, bem como definições mais amplas sobre requisitos para os alojamentos das vacas, como a definição de áreas de exercício e de circulação. “O capítulo sobre requisitos para a saúde dos animais também foi revisto com a inclusão de vários esclarecimentos e cuidados com o controle e gestão da dor”, informa o sócio da Terra Límpida.
 
Luiz Mazzon, diretor da Certified Humane Brasil, considera que vem do consumidor atual a exigência que as empresas atuem com ética e responsabilidade socioambiental. “Para empresas e produtores do ramo de alimentos, o manejo responsável e o bem-estar animal são cada vez mais indispensáveis para se posicionar no mercado, agregar valor ao produto final e conquistar a confiança do consumidor”, analisa.

Com informações da assessoria de comunicação Certified Humane

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