Mais Arrobas com diversificação de espécies forrageiras
João Menezes
06/11/2024 11h13 - Atualizado há 4 meses
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A consorciação de pastagens tem ganhado destaque como uma prática agrícola eficiente para otimizar o uso da terra e melhorar a sustentabilidade dos sistemas de produção, especialmente no contexto das gramíneas. Embora a consorciação com leguminosas seja amplamente estudada, o foco tem se expandido para a combinação de gramíneas, visando melhorar a produtividade, a resistência das pastagens e a gestão do solo. Exemplos de consórcios bem-sucedidos incluem combinações de gramíneas tropicais como B. humidicula, Brachiarias e Panicuns em diferentes contextos, desde áreas úmidas até pastagens para equinos.
A principal vantagem da consorciação de gramíneas é a possibilidade de combinar espécies com ciclos de crescimento diferentes, exigências nutricionais variadas e tolerâncias a condições ambientais adversas. Isso resulta em uma produção forrageira mais estável e resiliente ao longo do ano. Pastagens consorciadas com gramíneas tropicais, como as Brachiarias, têm mostrado ser eficazes em melhorar a qualidade do solo, reduzir a erosão, aumentar a retenção de água e fortalecer a estruturação do solo devido à ação do sistema radicular das diversas espécies.
Além disso, a combinação de gramíneas de inverno, como azevém e aveia, com gramíneas tropicais onde há condições favoráveis, permite que a produção de forragem continue durante as estações mais frias, oferecendo uma solução sustentável para regiões de clima temperado. A consorciação também se adapta bem ao manejo de diferentes tipos de animais, como no caso dos equinos, onde a combinação de B. humidicula cv. Llanero com panicuns tem mostrado boas perspectivas em termos de qualidade nutricional e tolerância a pastejos mais intensos.
Experimentos realizados com duas misturas de gramíneas e um monocultivo de Panicum maximum cv. BRS Zuri demonstraram que as misturas de gramíneas apresentaram maior índice de área foliar (IAF) pós-pastejo, além de uma melhor massa e distribuição de raízes durante o período seco em comparação com o monocultivo. Essas características possibilitaram uma maior taxa de acúmulo de forragem durante a seca e uma menor estacionalidade de produção ao longo do ano. As diferentes estruturas das misturas, independentemente do manejo mais severo (40% ou 60% de desfolhamento), mostraram-se igualmente produtivas, embora manejos mais intensos tenham levado a uma menor cobertura do solo pelo dossel forrageiro.
Para que a consorciação de gramíneas seja bem-sucedida, é crucial um manejo adequado, que considere o espaçamento entre as plantas, o controle de espécies invasoras, a rotação de pastejo, a fertilização, o controle de pragas e o monitoramento da qualidade da forragem. O uso de tecnologias avançadas de manejo e de melhoramento genético, como o desenvolvimento de cultivares mais resistentes ao estresse hídrico e de fácil digestibilidade, tem impulsionado ainda mais o sucesso das pastagens consorciadas.
A prática de consorciação pode contribuir significativamente para a sustentabilidade da pecuária, promovendo sistemas mais produtivos, eficientes e ambientalmente equilibrados. A adoção crescente de pastagens consorciadas por pecuaristas está ajudando a reduzir os custos de produção, aumentar a produtividade e mitigar impactos ambientais, como a degradação do solo e a emissão de gases de efeito estufa. Com o contínuo avanço das pesquisas e o aprimoramento das tecnologias de manejo, a consorciação de gramíneas tem o potencial de se consolidar como uma prática estratégica na pecuária moderna.