26/09/2024 às 08h22min - Atualizada em 26/09/2024 às 08h22min

Seca suspende transporte de grãos no rio Madeira e afeta Tapajós: custos de exportação sobem

Agronegócio enfrenta desafios com seca no Norte e desvio de cargas para o Sul/Sudeste aumenta despesas

- Da Redação, com Notícias Agrícolas
Imagem: MICHAEL DANTAS / AFP

A intensa seca que atinge os rios da região Norte do Brasil está causando impactos severos no escoamento de grãos, com a paralisação total do transporte de cargas pelo Rio Madeira, um dos principais corredores hidroviários do país.

 

A Associação dos Terminais Portuários e Estações de Transbordo de Cargas da Bacia Amazônica (Amport) anunciou na quarta-feira (25/9) que a navegação foi interrompida devido aos baixos níveis de profundidade do rio, que inviabilizam o transporte comercial de grãos, especialmente a soja e o milho do oeste do Mato Grosso e Rondônia.

 

Além do Madeira, o Rio Tapajós, que também é crucial para o escoamento de grãos via o terminal fluvial de Itaituba (PA) até os portos de exportação do corredor do Amazonas, registrou uma queda de 40% no volume transportado. Isso eleva os custos de exportação, já que os exportadores estão sendo obrigados a desviar suas cargas para portos no Sul e Sudeste do país, onde a logística é mais cara.

 

Impactos no custo e redirecionamento de cargas

 

O presidente da Amport, Flávio Acatauassú, informou que a paralisação no Madeira ocorre devido aos níveis críticos de profundidade, que atualmente estão em torno de 2 metros. “A navegação está parada no momento, inviabilizando comercialmente o transporte de grãos”, disse Acatauassú.

 

A Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec) também destacou que o desvio das rotas para o Sul/Sudeste tem elevado os custos logísticos das empresas exportadoras. 

 

Segundo o diretor-geral da Anec, Sérgio Mendes, o desvio de uma carga que sairia de Sorriso (MT) pelo porto de Barcarena (PA) para o porto de Santos (SP) representa uma perda de US$ 21 por tonelada.

 

Mesmo com esses desafios, Mendes afirmou que, embora os custos tenham aumentado, não se espera uma redução significativa nos volumes de exportação, uma vez que as grandes traders já adotam medidas preventivas para lidar com essas situações.

 

Cenário climático e expectativas para o setor

 

A seca atual no Norte do Brasil foi agravada pelo fenômeno climático La Niña, que antecipou a baixa dos níveis dos rios para agosto/setembro, ao contrário do ano passado, quando o problema se manifestou de forma mais severa apenas em setembro/outubro. De acordo com Acatauassú, existe a expectativa de que as chuvas retornem mais cedo este ano, o que pode aliviar a crise de navegabilidade nas hidrovias da região.

 

O fenômeno La Niña, normalmente, traz mais chuvas para o Norte do país, o que poderia ajudar na retomada das operações de transporte de grãos nas próximas semanas, possibilitando a normalização parcial das exportações pela rota dos rios amazônicos.

 

Apesar do cenário desafiador, o Brasil segue firme na liderança mundial de exportação de grãos, com estimativas de exportar 99 milhões de toneladas de soja e 41 milhões de toneladas de milho até o final do ano, segundo a Anec.

 

 


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