02/08/2024 às 05h57min - Atualizada em 02/08/2024 às 10h00min

O futuro da suinocultura está na alimentação de precisão para matrizes suínas

Adaptar a dieta das fêmeas em cada estágio da gestação ajuda a otimizar saúde e produtividade

André Luiz Casagrande
Foto: Divulgação Gov.br
O conceito de alimentação de precisão tem redefinido a forma como as granjas de suínos operam, ao impulsionar e promover uma produção sustentável e lucrativa, isso porque o caminho para obter melhores resultados vai além de simplesmente alimentar as matrizes. Estudos indicam que a produtividade das fêmeas suínas, assim como fatores relacionados à sua saúde e longevidade, tem melhorado significativamente. Isso se traduz em um maior retorno financeiro e econômico.

Diante desse cenário, cada estágio da gestação demanda abordagem única, uma vez que as necessidades nutricionais variam significativamente ao longo do processo. “A suinocultura moderna, impulsionada pela rápida evolução genética, tem acelerado significativamente o potencial produtivo das porcas, trazendo ganhos de rentabilidade e sustentabilidade para o setor no Brasil e no mundo”, avalia o zootecnista e especialista global em nutrição da Topigs Norsvin, Rodrigo Lima.

Conforme o especialista, com o avanço genético, já tem sido possível observar muitas granjas no Brasil na atualidade com desmamado/fêmea/ano acima de 38 leitões e conversão alimentar abaixo de 2kg de ração por kg de peso vivo produzido, marcas extraordinárias que até alguns anos atrás eram inimagináveis.

Para atender às crescentes demandas nutricionais dessas fêmeas suínas de alta performance, Lima destaca que é crucial que os estudos acompanhem esse progresso, buscando entender e atender melhor às suas necessidades nutricionais. Nesse contexto, a nutrição de precisão surge como uma abordagem fundamental.

“Ela visa fornecer a quantidade exata de nutrientes necessários para atender às exigências das fêmeas, com foco na recuperação corporal após o ciclo anterior, no crescimento e desenvolvimento fetal, e na produção de tecidos que sustentarão a leitegada durante todo o período de lactação. Isso inclui a otimização do aparelho mamário e a produção de leite, garantindo que as fêmeas possam suportar de forma eficiente a demanda nutricional da prole”, acrescenta.

O zootecnista aponta que a alimentação de precisão ao longo dos ciclos reprodutivos pode revolucionar a eficiência do uso de nutrientes e reduzir significativamente os gastos, especialmente com aminoácidos, sem comprometer o desempenho das porcas e de sua leitegada, o comportamento alimentar ou a saúde, abordagem que não só atinge de forma mais eficaz as metas de condição corporal das porcas no parto, como também pode aumentar sua longevidade.

Além disso, a alimentação de precisão pode reduzir os custos de alimentação quando comparada com as estratégias convencionais. “As pesquisas agora se expandem para incluir outros nutrientes, além de energia e aminoácidos, buscando a combinação ideal que atenda às exigências nutricionais de maneira sustentável e rentável”, comenta Lima.

Cenário
Embora a nutrição de precisão muitas vezes pareça um tema complexo, ela está cada vez mais próxima da nossa realidade, já sendo utilizada no mercado e sendo o foco de estudos em granjas experimentais. “Esse conceito baseia-se em dois pilares principais: o conhecimento preciso dos alimentos e os nutrientes neles contidos, e a compreensão das necessidades do animal, considerando a produtividade, fase de produção e idade”, cita o zootecnista.

Um tema amplamente debatido na produção animal é a sustentabilidade, que impulsiona o setor a usar os recursos de forma inteligente e precisa, especialmente as matérias-primas não renováveis. Quando suplementados em excesso, esses minerais podem não ser utilizados pelos animais e serem excretados, desperdiçando recursos valiosos e que, se não forem tratados, podem acabar gerando danos ao meio ambiente.

“As necessidades nutricionais dos animais variam em diferentes fases de desenvolvimento, regulando assim a utilização desses nutrientes. As tecnologias nutricionais avançadas estão agora ao alcance não apenas dos grandes produtores, mas também dos médios e pequenos, democratizando o acesso a práticas mais sustentáveis e eficientes”, explica.

No Brasil, o uso de tecnologia de modelagem através de equações para maximizar o potencial genético dos suínos já é uma realidade. Além disso, sistemas e tecnologias para controle e fornecimento de ração têm se expandido rapidamente, com a presença crescente de robôs e máquinas inteligentes que automatizam a alimentação dos suínos em diferentes fases de produção.

“A nutrição de precisão vai além de simplesmente fornecer alimento. Trata-se de oferecer a nutrição correta, na quantidade certa, no momento certo. Essa abordagem não só melhora o desempenho das fêmeas, mas também aumenta a eficiência econômica dos produtores, pavimentando o caminho para um futuro mais sustentável na produção suína”, conclui o especialista.

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