26/07/2024 às 09h42min - Atualizada em 26/07/2024 às 09h42min

Ferramenta contribui para o monitoramento do comportamento de bovinos

Outra vantagem da tecnologia é que ela auxilia pecuaristas nas tomadas de decisões

André Luiz Casagrande
Foto: Divulgação / Embrapa
Com foco na sustentabilidade ambiental, a pecuária brasileira tem buscado aumentar a produção de carne e leite por hectare sem expandir a área ocupada pelo gado. De acordo com levantamento da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), a produção de alimentos de origem animal deve dobrar até 2050, sendo que 70% desse crescimento depende da eficiência em produtividade.

Diante desse cenário, o suporte tecnológico e a implementação de ferramentas que possibilitem os avanços em genética, nutrição, sanidade e manejo, incluindo a pecuária de precisão, entre outros, é considerada fundamental para atingir esse objetivo.

Atualmente, por conta dessa necessidade, já há algumas soluções que têm contribuído para o desenvolvimento do segmento pecuário. Uma delas é o InstaBov, um colar de monitoramento bovino que mostra a localização dos animais em tempo real no mapa.

A ferramenta, através de uma cerca digital nos limites da fazenda, a cada dez minutos, alerta se o animal fugir ou for roubado, o trajeto percorrido, onde está e também características de seu comportamento, por intermédio do controle de número de passos diários fazendo uma status de saúde, gerando alertas sempre que o animal alterar seu comportamento.

“Dentro do comportamento, avisamos mudança de saúde, animal parado, se os touros estão cobrindo as vacas, alerta de parto e também se os animais foram ao cocho ou no bebedouro”, acrescenta o engenheiro ambiental, ex-pecuarista e fundador do InstaBov, Fernando Moraes.

O engenheiro destaca que a ferramenta foi projetada com o objetivo de gerar segurança ao pecuarista, em relação a fugas, roubos ou perdas de animais, além do controle em tempo real da saúde do gado em relação a qualquer interferência que possa diminuir a produtividade. “A principal ideia é ter o rebanho na palma da mão e saber tudo que está acontecendo com os animais, sem precisar estar na fazenda”, reforça.

Com a implementação dessa tecnologia, Moraes argumenta que, de forma prática, o produtor não precisará mais montar em um cavalo para verificar se os animais estão bem, o que permite que o mesmo otimize o seu tempo e de seus funcionários, agindo somente quando for necessário e nos animais que demonstrarem alterações, além de ter a tranquilidade que seu patrimônio está monitorado e seguro.

Panorama do setor
O fundador do InstaBov lembra que a solução entrou no mercado em um momento de baixa no ciclo pecuário, com a arroba em preços baixos, o que acabou dificultando a implementação da tecnologia em muitas fazendas. Entretanto, mesmo nesse cenário, a empresa tem conseguido expandir para vários estados do Brasil e países como Uruguai e negociações com Paraguai e Bolívia.

“Além de propriedades que sofrem com roubos e perdas de animais, que hoje são a grande parte dos nossos clientes, temos fazendas de gado PO, com animais de alto valor e produtividade, em que o foco é a saúde dos animais ou se os touros demonstram libido e, de fato, cobrem vacas”, detalha Moraes.

Na avaliação do especialista, o mercado de monitoramento de animais de alto valor tem muito a crescer nos próximos anos, pela procura cada vez maior pela melhora da produtividade e, consequentemente, da rentabilidade. “Isso porque, com o uso da ferramenta, é possível ajudar a melhorar taxas de prenhez, acompanhar taxa de serviço dos touros em tempo real, além de trazer informações sobre consumo do pasto dos rebanhos”, analisa.

Segundo Moraes, a pecuária de corte foi um dos últimos setores de produção de proteína a entrar na nova era de tecnologia, enquanto as produções de aves, suínos e leite, por exemplo, já estão em uma realidade bem diferente, pois já há muita tecnologia implementada.
“O animal de corte carece muito de inovações para ajudar a melhorar nossa produção de carne, e entendemos que isso só será confirmado com mais investimento, para deixarmos de produzir como ‘antigamente’ e gerarmos o mesmo ou mais lucratividade do que a produção de grãos, por exemplo”, conclui o ex-pecuarista.

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