02/07/2024 às 09h11min - Atualizada em 02/07/2024 às 09h11min
Brasil supera EUA em embarques de algodão durante 2023/24
Conquista histórica é celebrada durante conferência, mas desafios futuros são destacados pelos especialistas
- Da Redação, com Safras & Mercado
Foto: Reprodução O Brasil alcançou novo marco ao se tornar o maior exportador mundial de algodão pela primeira vez, superando os Estados Unidos ainda no ano comercial de 2023/2024. A notícia foi anunciada durante a 75ª reunião da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Algodão e seus Derivados, realizada durante o XXI Anea Cotton Dinner, em Comandatuba, Bahia.
Apesar da comemoração, especialistas alertam que manter essa posição no próximo ciclo não será fácil, já que Brasil e EUA devem continuar competitivos no topo do ranking global.
Dados da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) indicam que a safra atual deverá resultar em cerca de 3,7 milhões de toneladas de algodão beneficiado (pluma), com exportações estimadas em 2,6 milhões de toneladas. A qualidade do produto tem sido destacada como superior à safra anterior, impulsionando aproximadamente 60% da produção já comercializada.
Para Alexandre Schenkel, presidente da Abrapa, a liderança global é fruto de investimentos contínuos em qualidade, rastreabilidade e sustentabilidade. "Essa conquista representa um avanço significativo para o setor, resultado de décadas de esforço e profissionalismo", destaca Schenkel, enfatizando o orgulho dos produtores brasileiros.
No entanto, Miguel Faus, presidente da Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea), adverte sobre os desafios futuros. "A próxima safra dos EUA está prevista para ser maior, o que pode impactar nossa posição no mercado global. Esta liderança precoce é um reflexo do trabalho conjunto de toda a cadeia produtiva", comenta Faus, destacando a importância da safra americana na dinâmica futura das exportações.
Desafios para a indústria têxtil nacional
O aumento na produção de algodão também apresenta desafios para a indústria têxtil brasileira, que busca expandir a produção de fios e tecidos para atender à demanda interna. Fernando Pimentel, diretor-superintendente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), ressalta a necessidade de estimular o consumo interno e enfrentar as importações desleais.
"Precisamos focar em sustentabilidade, respeito ao meio ambiente e eficiência energética para fortalecer nossa competitividade", afirma Pimentel.
O caminho para consolidar a liderança brasileira no setor de algodão requer estratégia e cooperação contínua entre produtores, exportadores e indústria, visando não apenas a expansão das exportações, mas também o fortalecimento do mercado interno.