01/07/2024 às 08h16min - Atualizada em 01/07/2024 às 08h16min

Embrapa define diretrizes para soja de baixo carbono

Produtores que seguirem as diretrizes poderão reduzir em até 30% a pegada ambiental de suas produções

- Da Redação, com Canal Rural
Foto: reprodução

A Embrapa e parceiros avançam na criação de diretrizes técnicas para validar a certificação da soja de baixo carbono. O objetivo é conferir mais sustentabilidade à produção do grão, além de diversificar as exportações brasileiras, atualmente dependentes da China, que compra cerca de 75% da oleaginosa do país. 

 

Foi publicada a primeira versão das Diretrizes Técnicas para Certificação da Soja de Baixo Carbono, contendo premissas para a mitigação de emissões de gases de efeito estufa (GEE) em sistemas de produção agrícola. Essas diretrizes estão sendo utilizadas para coleta de dados em mais de 60 áreas agrícolas em cinco macrorregiões produtoras de soja durante as safras 2023/24 e 2024/25.

 

“A publicação das diretrizes de certificação nesta etapa é fundamental para validarmos cientificamente a metodologia de quantificação que está sendo desenvolvida pela Embrapa,” explica Henrique Debiasi, coordenador do Comitê Gestor do Programa Soja Baixo Carbono (PSBC) e pesquisador da Embrapa Soja (PR).

 

Selo Soja de Baixo Carbono

 

O PSBC visa agregar valor à soja produzida em sistemas que contribuem para a redução das emissões de GEE. A expectativa é que, com a adoção das tecnologias sustentáveis descritas na publicação, as emissões possam ser reduzidas em aproximadamente 30%.
 

As diretrizes técnicas dividem-se em dois principais pontos: adequação do imóvel rural e adequação do sistema de produção. O cumprimento de critérios de elegibilidade para essas diretrizes será mensurado por indicadores de alcance, como explica o pesquisador Marco Antonio Nogueira.

 

Critérios de elegibilidade

 

Adequação do imóvel rural
 

Imóvel rural sem autuações ou embargos ambientais.
 

Proprietário sem condenação por trabalho infantil ou análogo à escravidão.Imóvel rural com Cadastro Ambiental Rural (CAR) ativo e sem pendências trabalhistas.
 

Eliminação de queimadas deliberadas e atendimento a normatizações como o vazio sanitário e o calendário de semeadura.

 

Adequação do sistema de produção

 

Adoção plena do Sistema Plantio Direto (SPD).

Boas práticas de coinoculação, adubação e correção do solo.

Uso de defensivos agrícolas tecnicamente prescritos.

 

Para receber o selo Soja Baixo Carbono, os produtores devem atingir um Índice de Adoção de Práticas Agrícolas Sustentáveis (Iapas) mínimo de 7, com tendência de aumento ao longo do tempo.

 

Próximos Passos

 

O foco agora é estabelecer e validar o protocolo de certificação. A partir da safra 2023/24, esse protocolo está sendo testado em unidades-piloto distribuídas nas principais regiões produtoras de soja do Brasil. O lançamento oficial do protocolo para o mercado está previsto para meados de 2026.

 

Segundo Roberta Carnevalli, pesquisadora da Embrapa, a validação envolve a discussão do protocolo com o setor produtivo, organismos internacionais e representantes do mercado, garantindo que a metodologia proposta reflita a realidade do produtor brasileiro e seja respeitada internacionalmente.

 

Vantagens do Selo

 

O selo Soja Baixo Carbono, baseado na metodologia MRV (mensurável, reportável e verificável), é voluntário e pode agregar valor à soja comercializada, possibilitando compensações financeiras, juros mais baixos e prêmios de seguro mais atraentes.

 

“A iniciativa PSBC posicionará o Brasil fortemente no agronegócio mundial, demonstrando com critérios científicos sua contribuição para uma agricultura mais sustentável e adaptada às mudanças climáticas,” conclui Carina Rufino, chefe de Transferência de Tecnologia da Embrapa Soja.

 

 

 


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