31/05/2024 às 09h35min - Atualizada em 31/05/2024 às 09h35min
Sistema de rastreabilidade utiliza a biometria facial animal para impulsionar o manejo bovino
Solução usa a leitura do focinho como fator de identificação
André Luiz Casagrande
Foto: Divulgação / Gov.br O Brasil, na vanguarda da utilização de tecnologia para a criação animal, possui um histórico em aliar a essa ferramenta ao bom manejo do gado, ao constatar que a otimização dos processos auxilia os criadores a traçarem estratégias em novas soluções de manejo e acompanhamento bovino.
Conforme explica o fundador da MUU e idealizador do projeto rastreabilidade bovina, Eduardo Pipole, a rastreabilidade desempenha um papel crucial no desenvolvimento da pecuária, especialmente do ponto de vista do consumidor, uma vez que ela permite saber a origem dos alimentos e do leite que consomem, garantindo transparência e segurança alimentar.
“Ao conectar diretamente produtores e consumidores, a rastreabilidade ajuda os produtores a valorizar seus produtos no mercado”, destaca Pipole. Como exemplo, ele cita que métodos de manejo específicos podem aumentar o teor de ômega-3 na carne, resultando em um alimento mais saudável para o consumidor. “Além disso, o leite A2A2, que possui características benéficas para a saúde, pode ser rastreado e promovido de forma mais eficaz”, acrescenta.
Ele informa ainda que estudos mostram que a carne enriquecida com ômega-3 pode ajudar na redução de doenças cardiovasculares, e o leite A2A2 é associado a uma melhor digestão para algumas pessoas. “A implementação da rastreabilidade, portanto, não só melhora a confiança do consumidor, mas também incentiva práticas de manejo mais sustentáveis e saudáveis na produção pecuária”, completa.
Como funciona o App
Segundo Pipole, o app de biometria funciona da seguinte forma: o usuário tira uma foto do animal, e o sistema cria uma identidade única para ele, baseada na sua biometria. Esse sistema de identificação “focinhal” permite que cada animal tenha um registro único associado às suas características faciais.
“Após tirar a foto do animal, qualquer usuário poderá reconhecê-lo no futuro, seja na fase de cria, recria ou engorda. Além disso, esse animal poderá ser associado aos produtos derivados dele, garantindo uma rastreabilidade completa e precisa ao longo de toda a cadeia produtiva”, detalha o fundador do app.
Além da identificação e rastreamento, Pipole acrescenta que o usuário pode adicionar eventos de manejo no app, como vacinação, tratamentos veterinários, alimentação específica, pesagens, reprodução, e monitoramento de saúde. Isso permite uma gestão completa e eficiente das atividades relacionadas a cada animal, melhorando a qualidade do manejo e a produtividade da fazenda.
Impactos
Na avaliação do especialista, os objetivos da implantação dessa tecnologia são múltiplos e abrangentes, primeiro, por permitir que o produtor tenha acesso a sistemas de qualidade no manejo animal, garantindo uma identificação segura e precisa de cada indivíduo. Isso assegura que o produtor tenha todas as informações essenciais na palma da mão, facilitando a gestão e o controle das atividades.
Pipole comenta ainda que a tecnologia permite ao usuário final o acesso a informações reais sobre os produtos que consome. “Como o ditado nós somos o que comemos, isso se aplica também aos animais, pois oferecer transparência sobre o manejo e a alimentação da cadeia é crucial. Promovemos os produtores e seus produtos, garantindo que até os pequenos tenham acesso a tecnologia de ponta”, reforça.
Por fim, ele cita que a ideia do app é entregar ao consumidor informações relevantes sobre os alimentos que ele consome, proporcionando maior confiança e segurança em relação à origem e à qualidade. “Essa tecnologia, portanto, beneficia toda a cadeia produtiva, do produtor ao consumidor final”, resume.
Indicações
A tecnologia, conforme explica Pipole, é indicada para toda a cadeia produtiva e atende pecuaristas de diversas modalidades, incluindo criadores de gado puro de origem, manejo em pasto, confinamento, e fazendas leiteiras. “Nossos outros produtos da rede são voltados para frigoríficos, laticínios, e o consumidor final, bem como revendedores de produtos derivados ou animais vivos, além do segmento de exportação”, complementa
Frigoríficos e laticínios podem otimizar seus processos de recebimento e processamento, garantindo a rastreabilidade total dos produtos, enquanto revendedores e exportadores podem assegurar a conformidade com padrões de qualidade e segurança alimentar exigidos por mercados internacionais.
“Além disso, os produtos serão valorizados de acordo com a completude da rastreabilidade. Quanto mais detalhada e completa for a rastreabilidade, maior será seu valor agregado, beneficiando produtores, revendedores e consumidores”, comenta.
Bem-estar animal
Na avaliação do idealizador do projeto rastreabilidade, a tecnologia de rastreabilidade biométrica traz diversos benefícios para o bem-estar animal, uma vez que elimina a necessidade de marcá-los fisicamente com ferros quentes, o que pode ser doloroso e estressante, além de evitar a perda de brincos de identificação, que são comumente utilizados e podem se desprender, causando desconforto e até ferimentos.
Outro benefício, na opinião de Pipole, é que não há necessidade de inserção de objetos estranhos, como chips subcutâneos, que podem causar irritação ou complicações de saúde, pois com a identificação biométrica, baseada em características faciais, os animais não precisam passar por procedimentos invasivos, garantindo um manejo mais humanitário e confortável.
“Essa abordagem melhora significativamente o bem-estar dos animais, promovendo um ambiente de manejo mais ético e seguro, o que também pode contribuir para a melhoria da qualidade dos produtos derivados”, conclui.