Produtores de soja no Rio Grande do Sul estão enfrentando uma situação calamitosa depois das fortes chuvas que atingiram a região. Cerca de 50% da safra ainda precisa ser colhida, mas os grãos encontram-se encharcados e com excesso de umidade, impedindo que as máquinas consigam realizar a colheita.
O produtor Emerson Peres, de Camaquã, relata ter retirado amostras de sua área de 70 hectares para oferecer à indústria, mas duas empresas já recusaram a compra devido aos altos níveis de umidade, chegando a quase 30%, e também pela grande quantidade de grãos 'ardidos', que chegam a 34%.
Segundo Peres, o seguro contratado não tem sido uma solução, pois mesmo que os grãos estejam impróprios para consumo, o seguro contabiliza o peso total colhido, incluindo a soja estragada. Isso significa que, apesar de não poder vender essa produção, ele não consegue ser devidamente indenizado.
A colheita da soja no Rio Grande do Sul atingiu apenas 76% da área, deixando cerca de 1,6 milhão de hectares ainda por serem colhidos. Especialistas estimam que até 2 milhões de toneladas da oleaginosa correm sério risco de perdas, comprometendo severamente a produção estadual, que dificilmente ultrapassará 20 milhões de toneladas.
Outro produtor, Jorge Iglesias, de Rio Grande, afirma que a situação é sem precedentes, com a soja praticamente perdida, enquanto o arroz conseguiu ser salvo. Os agricultores encontram-se desamparados e sem saber para onde correr diante desse cenário de prejuízos bilionários.