Muitas regiões brasileiras conseguiram realizar o plantio da segunda safra de milho de maneira antecipada e dentro das janelas favoráveis à semeadura. Esperava-se que isso contribuísse para evitar geadas no final do ciclo no Paraná e Mato Grosso do Sul, além de aproveitar as chuvas de verão em fevereiro e março em diversas localidades do país.
No entanto, a realidade se mostrou adversa. O Analista de Culturas da EarthDaily Agro, Felippe Reis, aponta que, ao contrário das expectativas, houve baixos volumes de chuvas, especialmente no Mato Grosso do Sul e no Paraná, acompanhados de temperaturas acima das médias.
"As temperaturas elevadas aumentam a evapotranspiração e essa combinação de seca + calor resulta em uma grande queda na umidade do solo. No início do ciclo isso não é tão problemático, porque a planta precisa de menos água, mas com muitas regiões se encaminhando para a fase de floração, a necessidade de água é maior e não se viu essas chuvas", explica Reis.
O Presidente do Sindicato Rural de Palotina, no Paraná, Edmilson Zabot, descreve a segunda safra de milho do município como "extremamente crítica" após pouca chuva e temperaturas elevadas, com sensação térmica atingindo até 46 °C.
Em diversas regiões, as perdas já são significativas. Em Laguna Carapã, no Mato Grosso do Sul, apenas 20% das lavouras têm um desenvolvimento considerado bom, enquanto o restante enfrenta uma situação crítica, com perda de potencial produtivo. A falta de chuvas compromete a produção, levando algumas áreas a produzirem apenas 30 ou 40 sacas por hectare, quando poderiam produzir mais.
No Mato Grosso, apesar de um desenvolvimento relativamente melhor das lavouras, também há preocupações. O Presidente do Sindicato Rural de Sinop, Ilson José Redivo, destaca a escassez de chuvas e os impactos na produção de milho na região.
As estimativas de perdas são alarmantes. Segundo o Analista de Mercado da Brandalizze Consulting, Vlamir Brandalizze, pelo menos 5 milhões de toneladas de milho já se perderam nesta segunda safra, reduzindo as expectativas de produção de 90 milhões para, no máximo, 85 milhões de toneladas.
A situação pode se agravar ainda mais no Paraná, onde os modelos de previsão indicam chuvas abaixo da média, agravando a umidade do solo já comprometida. Agricultores e especialistas alertam para a necessidade de políticas públicas e apoio aos produtores afetados, diante das consequências econômicas e sociais da quebra na safra de milho.