Brasil tem maior volume de importações de arroz em quase 20 anos, aponta Safras Agri Week

Análise indica impacto das importações recordes na dinâmica de preços e perspectivas para a próxima safra de arroz

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Durante a abertura da 7ª edição do Safras Agri Week, o analista e consultor da Safras & Mercado, Evandro Oliveira, revelou que o Brasil importou o maior volume de arroz em quase duas décadas durante o ciclo 2023/24. O evento, realizado de forma online e gratuita entre os dias 26 e 28 de março, reuniu especialistas para discutir tendências e desafios do agronegócio.
 
Oliveira destacou que o início do ano foi marcado por um significativo aumento nas compras externas de arroz. Em março, assim como em fevereiro, a quantidade de produtos importados superou a de exportações. As exportações da temporada totalizaram 1,7 milhão de toneladas, enquanto as importações atingiram 1,6 milhão de toneladas.
 
Essas importações em massa contribuíram para a queda contínua dos preços do cereal desde janeiro. A pressão no mercado nacional começou em outubro de 2023, devido a uma demanda fraca. A média dos preços estabilizou em torno de R$ 100 por saca, com vendas fracas entre fevereiro e março, resultando em liquidez mínima e pressionando algumas indústrias a reduzirem os preços.
 
O estado do Rio Grande do Sul, principal produtor nacional, enfrenta incertezas climáticas para a próxima safra. Chuvas intensas e ventos fortes prejudicaram as lavouras, afetando a produtividade. Regiões que esperavam colher 200 sacas por hectare estão obtendo apenas 180 sacas, ou até menos.
 
Além do Brasil, as tempestades causadas pelo fenômeno climático El Niño afetaram os principais parceiros comerciais no Mercosul, como Paraguai e Argentina. A previsão é de uma menor oferta exportável desses países, o que pode levar o Brasil a importar entre 50 mil e 100 mil toneladas adicionais para manter a balança comercial equilibrada.
 
Apesar das adversidades climáticas, as projeções para a safra de arroz em casca são otimistas em comparação com a temporada anterior. A produção nacional deve atingir cerca de 10,6 milhões de toneladas, um aumento de 6,6% em relação a 2022/23. No entanto, o incremento não deve exercer uma pressão significativa sobre os preços, considerando os estoques reduzidos no início da temporada comercial.