À medida que a colheita da soja avança, consultorias e órgãos competentes estão reavaliando suas estimativas para a safra brasileira de 2023/24, devido ao clima irregular. Tanto a Safras & Mercado quanto a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) reduziram suas projeções esta semana, afastando-se das estimativas iniciais que previam uma colheita acima de 160 milhões de toneladas.
De acordo com a Safras, a produção brasileira de soja deve alcançar 148,601 milhões de toneladas, representando uma queda de 5,8% em relação à temporada anterior, que foi indicada em 157,83 milhões de toneladas. Essa revisão representa uma redução de 0,32% em comparação com a projeção anterior, feita em 9 de fevereiro, que estimava 149,076 milhões de toneladas.
A área de soja plantada também teve um ajuste, com um aumento de 1,6% estimado em 45,41 milhões de hectares, em comparação com os 44,68 milhões de hectares plantados na temporada anterior. Apesar disso, houve ajustes finos nas produtividades médias esperadas para alguns estados, com destaque para os estados do Centro-Norte do país, que foram beneficiados por uma maior umidade a partir de janeiro.
Segundo Luiz Fernando Gutierrez Roque, analista da Safras, esse cenário favoreceu o desenvolvimento das plantas em estados como Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais e regiões Norte e Nordeste. Ele ressalta que, apesar das adversidades, há uma possibilidade de surpresas positivas nas próximas atualizações, especialmente nessas regiões.
Estimativa da Conab
A previsão da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) indica que a produção brasileira de soja na temporada 2023/24 deverá atingir 146,86 milhões de toneladas, representando um declínio de 5% em relação à safra anterior, que registrou 154,6 milhões de toneladas. Essa projeção foi divulgada no 6º levantamento de acompanhamento da safra brasileira de grãos. No relatório anterior, a estimativa era de uma safra de 149,4 milhões de toneladas, refletindo uma redução de 1,7% entre os dois relatórios consecutivos.
A Conab trabalha com uma área plantada de 45,177 milhões de hectares, o que representa um aumento de 2,5% em comparação ao ano anterior, quando foram cultivados 44,080 milhões de hectares. A produtividade está estimada em 3.325 quilos por hectare (55,4 sacas), uma redução de 7,3% em relação à temporada anterior, que registrou 3.507 quilos por hectare (58,4 sacas).
Instabilidades climáticas na produção de soja
Durante o período que vai do início da safra até meados de dezembro, as condições climáticas foram variáveis e desfavoráveis nas principais regiões produtoras do Brasil. Essas instabilidades climáticas resultaram em perdas significativas na produtividade das culturas, especialmente na produção de soja, o principal produto cultivado durante esse período.
Essa queda na produção foi atribuída às baixas precipitações e às temperaturas acima do normal nas principais regiões produtoras. No entanto, em áreas onde a semeadura da soja foi realizada mais tarde, as precipitações têm contribuído para o desenvolvimento das lavouras.
Safra Argentina
Enquanto no Brasil houve uma redução na produção de soja devido às condições climáticas desfavoráveis, na Argentina a situação é diferente. As regiões Centro e Norte do país receberam chuvas na última semana, melhorando os níveis de umidade nas lavouras de soja.
Segundo a Bolsa de Buenos Aires, aproximadamente metade das lavouras argentinas estão em período crítico de desenvolvimento. A estimativa é de uma safra de 52,5 milhões de toneladas, com 30% das lavouras classificadas como boas, 54% como médias e 16% como ruins.
Essa projeção representa uma melhoria em relação à semana anterior, quando os números eram de 29%, 54% e 17%, respectivamente. Em comparação com o mesmo período do ano passado, houve uma considerável melhora, visto que os índices eram de 2%, 23% e 75%, respectivamente.
Embora as chuvas tenham contribuído para a recuperação das lavouras de soja na Argentina, ainda há desafios pela frente, especialmente em relação à segunda safra, cuja recuperação produtiva é limitada devido aos danos causados pelas condições climáticas adversas.