01/03/2024 às 09h30min - Atualizada em 01/03/2024 às 09h30min
Produção e lucratividade bovina passam pela genética
Otimizar a atividade impacta diretamente nos resultados financeiros
André Luiz Casagrande
Foto: Reprodução O valor genético desempenha um papel importante na bovinocultura, já que se refere às características inerentes e ao potencial que um animal possui, individualmente, podendo influenciar no desempenho, na produtividade e no valor econômico da indústria pecuária.
“Ao selecionar animais com características desejáveis, é possível aumentar a produtividade, melhorar a eficiência, reduzir os custos e atender as demandas do mercado”, destaca o zootecnista, doutor em Nutrição e Produção Animal e analista de Pesquisa e Desenvolvimento na Premix, Wellington Luiz de Paula Araújo
O especialista acrescenta que melhoramento genético possibilita uma série de mudanças positivas no sistema produtivo, a começar pela seleção efetiva de animais com melhores índices de desempenho, precocidade, conversão alimentar, que, consequentemente, geram eficiência.
“Essa palavra é importante porque significa produzir animais otimizando o sistema como um todo, com menor utilização de recursos, produzir mais em espaços menores, com menor consumo de alimentos no período, e menores ciclos produtivos (com menores taxas de emissão de gases por animal terminado), tudo caminhando para um sistema mais sustentável”, observa Araújo.
Benefícios
Conforme cita o zootecnista, na bovinocultura de corte, a escolha de animais de maior valor genético possibilita alcançar maiores taxas de ganho de peso, com redução de ciclos produtivos e menor consumo de alimento para produzir a mesma arroba de carcaça (eficiência biológica), gerando um sistema financeiramente mais atrativo.
“Esses animais custam menos para o sistema e entregam maiores retornos porque a capacidade produtiva que possuem é muito superior ao investimento que se faz para que se tornem melhores. Isso é válido também para os outros setores produtivos, que investem cada vez mais em melhoria genética porque os resultados mostram muitos benefícios”, avalia.
Segundo Araújo, um dos principais desafios que dificultam a introdução desses processos na pecuária ainda é convencer que o investimento em melhorias genéticas traz resultados comprovados e satisfatórios, pois, por mais que pareça um caminho óbvio, essa informação não chega com qualidade em todo o setor.
“O mais importante é trazer embasamento técnico para toda essa questão, através de dados reais, que se assemelhem à realidade dos produtores, fornecendo ferramentas que possam ser difundidas entre todas as etapas do processo produtivo”, destaca. “Isso significa promover pesquisas de qualidade, investir em produtos de confiança e fazer com que as informações corretas cheguem a todo produtor”, complementa.
Competividade
Na avaliação do analista, para os produtores aumentarem sua competitividade no mercado, é importante que eles conheçam as técnicas possíveis dentro de cada negócio e adotem as melhorias que estejam dentro de cada realidade. “O que vale é sair da zona de conforto, de uma produção estagnada. Se você está buscando melhorias para o negócio e fazendo boas escolhas no sistema produtivo, você vai colher bons resultados lá na frente”, analisa.
De acordo com Araújo, a competitividade dentro do setor existe, mas tem espaço pra que todo mundo cresça. “É o que sempre ouvimos na pecuária, não dá pra contar somente com as oscilações do mercado, que são muitas e interferem diretamente no resultado financeiro. Então, cada um precisa fazer o melhor dentro da porteira para garantir sua margem mesmo em situações adversas”, enfatiza.
Por fim, ele reforça que o valor genético é muito importante dentro do sistema pecuário e precisa ser amplamente estudado e divulgado, pois poderá trazer benefícios individuais para os produtores – com aumentos produtivos e sistemas mais lucrativos –, e para o Brasil como um todo, ressaltando a potência que somos em produção de alimentos.
“Além disso, há uma série de fatores nutricionais, sanitários, e econômicos que ainda podem ser otimizados, e na indústria estamos sempre trabalhando pra isso. Pesquisando novos insumos, manejos, técnicas e buscando uma pecuária sustentável, que seja capaz de se manter ao longo das gerações”, conclui o zootecnista.