19/02/2024 às 09h32min - Atualizada em 19/02/2024 às 09h32min
Estudo aponta viabilidade econômica da restauração florestal em cafezais
Pesquisa indica aumento da produtividade do café e compensação de custos através do reflorestamento
- Da Redação, com Agência Brasil
Foto: Reprodução Uma pesquisa publicada na revista científica One Earth revelou a viabilidade econômica da restauração florestal em áreas produtoras de café na região da Mata Atlântica. O estudo, realizado por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) em colaboração com o diretor-executivo da Fundação SOS Mata Atlântica, Luís Fernando Guedes Pinto, destaca o potencial de aumento da produtividade nas plantações de café através do reflorestamento.
De acordo com os pesquisadores, o aumento dos serviços ecossistêmicos proporcionados pelo reflorestamento, como a polinização, pode impulsionar a produtividade cafeeira, compensando os custos associados à restauração da floresta. Um ponto-chave destacado é a possibilidade de valorização do carbono, com um preço de pelo menos 20 dólares por tonelada, o que poderia melhorar ainda mais a viabilidade financeira da restauração.
Francisco d'Albertas, doutor em Ecologia pela USP e um dos pesquisadores responsáveis pelo estudo, enfatizou que a pesquisa contradiz a ideia comum de que o agronegócio e a conservação ambiental são atividades incompatíveis. Ele ressaltou que ao aumentar os rendimentos das colheitas e combinando ganhos provenientes do sequestro de carbono, a restauração se mostra uma abordagem economicamente eficaz em paisagens agrícolas.
Os resultados da pesquisa, baseados em diferentes cenários de restauração de mata nativa em fazendas produtoras de café, indicaram que a compensação dos custos ocorreria ao longo de um período de 20 anos, especialmente em áreas com mais de 10% de cobertura florestal e com o objetivo de alcançar 25%.
O diretor-executivo da Fundação SOS Mata Atlântica, Luís Fernando Guedes Pinto, salientou a importância de medidas adicionais, como a consolidação do mercado de carbono, para tornar a restauração amplamente viável e atrativa para os agricultores. Ele destacou que a restauração florestal desempenha um papel crucial na reversão da perda de biodiversidade e nas mudanças climáticas.
Além disso, a entidade avalia que os resultados do estudo podem auxiliar os formuladores de políticas públicas a promover a adoção generalizada da restauração em paisagens agrícolas, unindo mitigação das mudanças climáticas, conservação da biodiversidade e produção agrícola. Ressalta-se que no Brasil, a legislação ambiental já prevê a restauração e conservação de vegetação nativa em propriedades rurais, conforme a Fundação SOS Mata Atlântica.
Guedes Pinto enfatizou a necessidade de o Brasil atingir as metas do Acordo de Paris, destacando que o reflorestamento em grande escala é fundamental. Ele concluiu afirmando que as metas de reflorestamento só poderão ser alcançadas com o apoio do agronegócio, ressaltando que o reflorestamento é uma abordagem positiva para todas as pessoas e setores econômicos.