O mercado internacional de soja apresentou uma reviravolta, absorvendo os dados pessimistas divulgados pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) na sexta-feira passada (12). O relatório surpreendeu ao apontar uma safra e estoques acima do esperado nos EUA, além de um corte na produção brasileira, provocando especulações e ajustes nas cotações
O foco principal está na safra brasileira, cujo tamanho tem dominado as atenções do mercado. Os números divulgados pelo USDA e pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), com 155 milhões de toneladas, contrastam com estimativas de consultorias privadas, como Safras & Mercado, que indica uma produção de 151,3 milhões de toneladas.
Outras entidades, como Aprosoja e a consultoria Pátria Agronegócios, apresentam números divergentes, destacando a complexidade da análise diante dos efeitos climáticos.
Apesar do corte na produção, principalmente no Mato Grosso, maior estado produtor, os contratos futuros em Chicago não sofreram impactos significativos. Isso se deve à considerável safra vinda da América do Sul, com expectativas otimistas para o Paraguai, Uruguai e, sobretudo, Argentina. O país vizinho, após uma produção comprometida no ano anterior, projeta um aumento substancial para até 30 milhões de toneladas.
O USDA manteve suas projeções para o esmagamento e exportação de soja, enquanto elevou os estoques finais mundiais para 114,6 milhões de toneladas. A China, maior importadora, deve receber 102 milhões de toneladas. No entanto, a retenção de estoques nos EUA, na posição de dezembro, recuou 1% em comparação com 2022.
Em Mato Grosso, o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) destaca a influência do intenso El Niño, resultando em falta de chuvas e impactando a produção estadual. A projeção para 2023/24 é de 39,01 milhões de toneladas, uma queda significativa em relação à safra anterior.
A colheita brasileira, em andamento, já atinge 2,1% da área total, superando o mesmo período do ano passado e a média dos últimos cinco anos. Mato Grosso e Paraná lideram os trabalhos, com 6% e 4%, respectivamente.