Uma das técnicas amplamente utilizadas na agropecuária, principalmente quando se trata da criação de bovinos, é a ensilagem. Fundamental para a alimentação de ruminantes em épocas de escassez de forragem, o processo tem se tornado cada vez mais uma alternativa interessante para a bovinocultura, afinal, a nutrição do rebanho é importante para o sucesso da atividade pecuária, pois ela impacta diretamente na produção de leite e carne.
“Sabendo que um dos grandes problemas da pecuária nacional é a flutuação estacional do crescimento das forrageiras, que é ocasionado pela disponibilidade de luz, temperatura e umidade, principalmente nos meses de seca, diferentes estratégias nutricionais são utilizadas para atender a demanda nutricional dos animais nesse período, visando manter produtividade de leite e carne”, explica o zootecnista e analista técnico da Quimtia Brasil, Roger Barros.
Diante desse cenário, o especialista alerta que é necessário que o produtor armazene alimento de qualidade e em quantidade suficiente para fornecer aos animais. Uma das estratégias é a conservação de forragens através do processo de ensilagem.
“A ensilagem é um processo muito antigo e utilizado para conservação de forragens, baseado na fermentação dos açúcares da planta e acidificação (redução do pH). A manutenção da qualidade da silagem depende da manutenção da estabilidade do pH e da preservação da vedação dos silos”, esclarece Barros.
Como funciona O especialista informa que a ensilagem é um dos métodos de conservação mais utilizados no Brasil para garantir o suprimento de alimentos na época da seca. Inúmeras forrageiras podem ser utilizadas com este propósito, entretanto o milho e o sorgo se destacam pelas características desejáveis, tais como: alta produtividade, baixo poder tampão, alto teor de açúcares e elevado teor energético.
“O conjunto dessas características, o planejamento e a execução correta de todas as fases do processo determinam que os custos de produção das silagens de milho e de sorgo sejam competitivos com as alternativas de suplementação volumosa”, explica.
O zootecnista acrescenta ainda que os principais aspectos do planejamento e da execução incluem a determinação correta da necessidade de silagem do rebanho, a condução adequada da cultura, da ensilagem e do fornecimento aos animais.
Benefícios Os benefícios nutricionais desse processo, de acordo com o especialista, são inúmeros, principalmente nos períodos de escassez de alimentos, ocasionados pela seca, em que a oferta e a qualidade das forragens fornecidas acaba diminuindo.
“Nesse contexto, a silagem entra como uma fonte de fibra e de energia de alta qualidade, conseguindo manter a produtividade de leite e carne e impactando diretamente no retorno econômico da atividade”, pontua.
Outro fator benéfico relacionado à ensilagem, conforme destaca Barros, está relacionado ao bem-estar dos animais, já que, segundo a Organização Mundial de Saúde Animal, a primeira das “cinco liberdades” aplicadas na produção animal é manter os animais livres de sede e fome.
“Com a conservação de forragens, conseguimos manter os animais durante o ano todo sem privação de alimento, o que garante saúde e produtividade”, cita o zootecnista.
Inovação e tecnologia Na avaliação do analista, cada vez mais a tecnologia tem auxiliado os produtores a evoluir na gestão dos recursos e a impactar na qualidade dos alimentos fornecidos aos animais.
Em relação à ensilagem, ele informa que já existem tecnologias aplicadas à produção de volumosos conservados, que visam principalmente diminuir as perdas no processo fermentativo e melhorar a estabilidade aeróbica do material, como, por exemplo, o uso de aditivos como inoculantes microbiológicos e ácidos orgânicos, além de lonas de barreira ao oxigênio, que visam reduzir a entrada de oxigênio na massa ensilada, entre outras tecnologias de processamento.
“Portanto, os benefícios promovidos pelo uso de tecnologias nas atividades agropecuárias têm trazido muitos avanços nesse setor e otimizado os processos”, finaliza Barros.