O Brasil deve produzir 306,4 milhões de toneladas de grãos na safra 2023/24, uma queda 13,5 milhões de toneladas a menos que o ciclo 2022/23, de acordo com o 4º Levantamento de estimativa para safra de grãos da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Esse é o quarto recuo consecutivo previsto pelo órgão e representa uma queda de 4,22% em relação à safra anterior.
O principal motivo apontado para a queda é a consequência das instabilidades com relação ao clima enfrentadas pelo país.
A soja, principal cultura do Brasil, deve apresentar uma produção de 155,3 milhões de toneladas, indicando uma redução de 4,2% na expectativa inicial de 162 milhões de toneladas. O clima adverso afetou tanto o plantio quanto o desenvolvimento das lavouras, levando alguns agricultores a migrarem para outras culturas.
As condições climáticas irregulares, marcadas por chuvas escassas e mal distribuídas, somadas às altas temperaturas na região central e a precipitações volumosas no Sul, têm atrasado o plantio e afetado negativamente o potencial produtivo das lavouras. A incerteza climática tem sido um desafio para os produtores, dificultando as decisões relacionadas às áreas de plantio, produtividade e colheita.
No caso do arroz, a estimativa de produção é de 10,8 milhões de toneladas, com desafios semelhantes enfrentados pela soja, incluindo atrasos no plantio e dificuldades devido as condições climáticas irregulares em diferentes regiões do país. Para o feijão, espera-se estabilidade na produção, mantendo uma colheita de 3,03 milhões de toneladas.
O milho, por sua vez, registra uma redução de 10,9% na produção, com um total estimado de 117,6 milhões de toneladas. A menor área plantada e a perspectiva de rendimentos inferiores afetaram a produção do cereal, especialmente na primeira safra.
Houve um aumento de 6,2% na área cultivada de algodão. No entanto, os mesmos problemas climáticos diminuíram a produtividade, estimando uma colheita ligeiramente menor em comparação com a safra anterior, atingindo 3,1 milhões de toneladas. A produção de trigo, por sua vez, também passou por dificuldades e chegou a 8,1 milhões de toneladas, resultando em perdas na produtividade e na qualidade.
Quanto ao mercado de commodities brasileiras, a redução na produção de soja deverá impactar nas exportações da oleaginosa em grãos. O aumento da demanda interna de óleo de soja devido ao aumento do biodiesel ao diesel também é esperado.
No caso do milho, a menor produção, combinada com a boa safra norte-americana, reduzirá as exportações brasileiras em 2024, embora o Brasil deva permanecer como o maior exportador global desse grão. Para o trigo, haverá uma necessidade maior de importação devido aos problemas climáticos, impactando nos estoques finais. Já para o algodão, apesar do aumento na área cultivada, a redução na produtividade levará a um declínio nos estoques finais da pluma de algodão.