26/12/2023 às 09h26min - Atualizada em 26/12/2023 às 09h26min
Mato Grosso prevê perda histórica de 20% da próxima safra de soja devido ao calor
Aprosoja MT projeta quebra marcando a pior perda já registrada no estado
- Da Redação, com Notícias Agrícolas
Foto: Reprodução Mato Grosso, um dos maiores produtores de soja no Brasil, enfrenta um cenário desolador na safra 2023/24. A Associação dos Produtores de Soja e Milho do estado (Aprosoja MT) revisou suas estimativas, projetando uma quebra alarmante de 20% na produção de soja. Essa previsão representa a pior perda já vivenciada na história.
Relatos provenientes de diversas regiões do estado confirmam a gravidade da situação, descrevendo condições climáticas extremas que afetam drasticamente as lavouras. A expectativa inicial era de uma colheita de 36,15 milhões de toneladas de soja, porém, esse número poderá diminuir ainda mais se não houver uma melhora significativa nas condições ambientais.
Áreas já apresentam perdas irreversíveis, com recordes de replantio e produtividade abaixo do esperado. Em Campos de Júlio, as colheitas iniciais revelaram uma média de 7,5 a 20 sacas por hectare, muito abaixo das expectativas. O produtor Tiago Daniel Comiran relata uma perda de 20% na produtividade, alertando que a diminuição pode ser ainda maior se as chuvas continuarem irregulares.
O impacto da seca é tão severo que várias cidades, incluindo Diamantino, Canarana, Alto Paraguai e Sorriso, declararam estado de emergência. Imagens de lavouras em Sorriso mostram claramente os efeitos devastadores da escassez de chuvas e altas temperaturas. Estima-se que, se o município colher em média 20 sacas a menos por hectare, cerca de 1,5 milhão de toneladas de soja deixarão de chegar ao mercado.
A situação se repete em diversas áreas do estado, como evidenciado por vídeos que mostram as perdas causadas pela seca e pelo calor. O analista de safra da EarthDaily Agro, Felippe Reis, alerta que as previsões indicam um verão com chuvas ainda insuficientes para recuperar os solos, além de novas ondas de calor que agravarão a situação.
"Temperaturas muito acima da média aumentam a evapotranspiração, associadas à baixa precipitação, resultando na diminuição da umidade do solo. Este é o cenário predominante em diversas regiões do Brasil, especialmente no Centro e Norte, desde outubro até partes de dezembro", afirma Reis.
Os relatos são desoladores. Agricultores como Mario Oda, de Tapurah, expressam desesperança diante da situação. "Tudo morto, nem sei se vale a pena colher", lamenta. Em Nova Xavantina, o presidente do Sindicato Rural local, Artemio Antonini, já registra uma perda de 20% na soja, prevendo um cenário ainda mais sombrio caso as previsões pessimistas para dezembro e janeiro se confirmem.