Recuperar até 40 milhões de hectares de áreas de pastagens e, assim, aumentar a produção de alimentos para o mercado interno e externo, é um dos objetivos propostos pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). De acordo com dados de 2022 do MapBiomas, no Brasil, os pastos ocupam cerca de 164 milhões de hectares e grande parte apresenta algum processo de degradação.
Para mudar esse cenário é preciso investir em tecnologias. Na avaliação da engenheira agrônoma da Embrapa Pecuária Sudeste, Lívia Mendes de Castro, dentre essas técnicas, o guandu BRS Mandarim se destaca na recuperação das pastagens degradadas, além de ser uma alternativa de alimentação animal na época das secas.
“Por ser uma leguminosa, a cultivar fixa nitrogênio atmosférico no solo, acrescentando-o às áreas de pastagens e melhorando a fertilidade. Na época das secas, quando a quantidade e qualidade de pastagem são escassas, o BRS Mandarim torna-se uma fonte alternativa de alimento para os animais”, informa a pesquisadora.
Como funciona? A especialista explica que a cultivar atua como adubo verde, ou seja, ao final da estação das secas, o resíduo de guandu que não foi consumido pelos animais é roçado e depositado sobre a superfície das pastagens, funcionando como um adubo verde, disponibilizando mais de 200 kg/ ha de nitrogênio (N) para a pastagem. “Sendo assim, contribui para o aumento de produtividade das pastagens”, comenta.
Na avaliação da pesquisadora, essa tecnologia é uma alternativa economicamente viável para todos os pecuaristas porque é de baixo custo, pois seu uso dispensa a adubação nitrogenada para a recuperação da pastagem.
“Essa cultivar traz sustentabilidade ao sistema de produção, porque possui um alto potencial para adubação verde, melhorando a fertilidade do solo e a qualidade do pasto de forma natural, além de ser um material de um ótimo valor nutritivo e alto teor de proteína”, ressalta Lívia.
Manejo Segundo a especialista, para implantar o guandu na pastagem, primeiro, o produtor deve fazer a análise de solo para verificar a necessidade de calagem e adubação. No período das águas, se necessário, deve-se fazer a roçada da área, deixando a pastagem com dez centímetros de altura, aproximadamente.
Na sequência, o feijão-guandu é semeado com plantio direto, usando a adubação recomendada de acordo com a análise de solo dispensando a adubação nitrogenada, visto que o guandu possui capacidade de fixar nitrogênio.
“No final da estação da seca e início da estação das águas do ano subsequente, faz-se a roçada da área, e o resíduo com de guandu que foi roçado é depositado no solo, tornando-se um excelente adubo verde”, conclui Lívia.