11/08/2021 às 18h00min - Atualizada em 11/08/2021 às 18h00min

Juros futuros avançam com questões domésticas, inflação nos EUA e varejo fraco

Em face de incertezas acerca do tamanho do novo Bolsa Família e avaliando os projetos de Imposto de Renda e PEC dos Precatórios, os investidores mantiveram postura defensiva nos juros futuros nesta quarta-feira (11), levando as taxas a fecharem em leve alta, em linha com o dólar comercial.

As questões domésticas ofuscaram a leitura em linha com o esperado do índice de preços ao consumidor (CPI) de julho dos Estados Unidos e os dados muito mais fracos do que as expectativas das vendas no varejo em junho do Brasil, que tenderiam a reduzir a pressão sobre os juros e, por consequência, o prêmio de risco implícito na curva a termo.

Finalizado o pregão regular, às 16h, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 passou de 6,49% no ajuste anterior para 6,52%; a do DI para janeiro de 2023 avançou de 8,10% para 8,12%; a do contrato para janeiro de 2025 anotou alta de 9,02% para 9,05% e a do DI para janeiro de 2027 foi de 9,43% para 9,44%.

Depois da queda firme exibida ontem, as taxas futuras exibiram alguma recomposição de prêmio nesta quarta-feira, mas em níveis ainda bastantes contidos. As discussões em torno do futuro das contas públicas brasileiras fizeram com que os agentes mantivessem postura defensiva no mercado de juros ao avaliarem tanto a reforma do Imposto de Renda quanto as incertezas que envolvem o substituto do Bolsa Família e a PEC dos Precatórios.

Na avaliação de Vinicius Alves, estrategista da Tullett Prebon Brasil, o catalisador que guiou os negócios locais hoje foi predominantemente doméstico, o que ajuda a explicar o descolamento da performance do real da média das divisas emergentes. A alta da moeda americana ante o real, por sua vez, contribui para puxar para cima as taxas futuras. Alves destaca, justamente, o temor sobre o novo benefício do governo como um potencial catalisador. “Apesar da PEC dos Precatórios aliviar parcialmente a tensão fiscal, precisa haver rapidamente uma definição sobre o valor que o Bolsa Família vai ter”, aponta.

A PEC que parcela as dívidas decorrentes de decisão judicial apresentada na terça (10), que na prática anula a regra de ouro, a norma fiscal que impede o governo de se endividar para pagar despesas correntes, abre espaço no teto de gastos de R$ 33,5 bilhões para financiar o novo programa social do governo. “Havia temor de que houvesse alguma despesa fora do teto e, como isso não ocorreu, a PEC é marginalmente positiva”, diz Cássio Andrade Xavier, gestor de renda fixa da Sicredi Asset.

Ele avalia ainda que, não fossem os riscos fiscais e políticos do cenário doméstico, as leituras em linha da inflação ao consumidor dos Estados Unidos em julho e os dados bem mais fracos do que o esperado do varejo brasileiro em junho, os juros futuros deveriam operar em queda. No exterior, os rendimentos (yields) dos títulos do Tesouro americano (Treasuries) de longo prazo exibiram recuo firme após os dados de inflação nos EUA, e nem mesmo o leilão de T-notes de dez anos, durante a tarde, fez com que as taxas americanas voltassem a subir.

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