08/09/2023 às 08h43min - Atualizada em 08/09/2023 às 08h43min

Gestão do Ciclo Pecuário garante o sucesso do negócio

André Luiz Casagrande
Foto: Divulgação
O ciclo pecuário é o termo usado para descrever as fases e as atividades que ocorrem ao longo do ano, na criação e manejo de bovinos. Esse ciclo é fundamental para garantir a produtividade e o sucesso econômico da atividade pecuária.

Segundo o zootecnista e superintendente técnico SRG Senepol, Celso Menezes, as etapas do ciclo pecuário podem variar de acordo com a região, o tipo de criação de animais e as práticas adotadas por cada produtor. Mas vale lembrar que os ciclos ocorrem dentro e fora da porteira.

“O ciclo pecuário possui várias fases de fundamental importância para o sucesso econômico da atividade. As fases principais são: o planejamento, a reprodução, a gestação e manejo pré-natal, nascimento e cria, crescimento e engorda, manejo sanitário, e culmina com o etapa mais importante, que é a comercialização.

As fases
O planejamento corresponde à fase inicial, em que o produtor estabelece suas metas e objetivos para o ciclo pecuário. Nesse estágio, de acordo com Menezes, são feitas análises das condições do mercado, previsões climáticas, disponibilidade de recursos e custos de produção.

“Na sequência, vem a fase de reprodução dos animais que, dependendo do tipo de criação, pode haver a escolha de reprodutores com características desejáveis, o uso de inseminação artificial ou outras técnicas de melhoramento genético”, informa.

Já na etapa de gestação e manejo pré-natal, as fêmeas prenhes são monitoradas, recebendo os cuidados necessários para garantir boa saúde e o desenvolvimento adequado dos fetos.

“Depois da fase de nascimento e cria (quando as fêmeas dão à luz), inicia a etapa de criação de bezerros. Nesse período, é fundamental fornecer cuidados adequados aos recém-nascidos, como alimentação adequada e acompanhamento veterinário”, acrescenta o especialista.

Dando continuidade a um ciclo pecuário bem gerido, o zootecnista cita a fase de crescimento e engorda quando, à medida que os animais crescem, eles são alimentados com dietas específicas para garantir o ganho de peso adequado. “Isso é particularmente importante para animais destinados à produção de carne, afirma o zootecnista.

Para ele, durante todo o ciclo, é essencial atenção ao manejo sanitário, ou seja, manter um plano de saúde para prevenir e tratar doenças que possam afetar o rebanho. “Isso inclui vacinações, desparasitação e outras medidas preventivas”, menciona.

Fechando o ciclo, Menezes destaca a comercialização, momento em que, ao atingirem o peso e a condição corporal ideais, os animais são levados ao mercado para venda. “Essa fase é crucial para obter retorno financeiro e renovar o ciclo pecuário”, diz ele.

Para ele, o ciclo pecuário é contínuo e cada etapa prepara o rebanho para a próxima. “A gestão eficiente de todas essas fases é essencial para a sustentabilidade e lucratividade da atividade pecuária. Além disso, práticas sustentáveis e éticas também devem ser consideradas para garantir o bem-estar dos animais e a preservação do meio ambiente”, destaca.

O Mercado
Com foco na comercialização e no momento em que a pecuária está atravessando, o especialista demonstra o ciclo comercial da seguinte forma:

– 2022/2023: no decorrer de 2022 e início de 2023, houve uma queda vertiginosa do preço do bezerro, ocasionando um desestímulo à reprodução e investimentos em genética para melhoria da reposição;

– 2023: em consequência da desvalorização do preço do bezerro, ocorreu o abate de fêmeas e matrizes, resultando também na queda do preço do boi gordo. Nesse momento, que estamos vivenciando, o produtor, em compasso de espera, diminui seus investimentos em genética e produtividade.

– 2024: pelo abate “indiscriminado” de fêmeas e matrizes realizado no ano anterior, naturalmente a produção de bezerros vai cair, surtindo um efeito positivo para a valorização do bezerro de qualidade para reposição. Isto é uma consequência natural do ciclo.

E o que esperar?
Na avaliação do zootecnista, no ciclo 2024/2025, com o aumento da demanda por bezerros, os produtores devem retomar seus investimentos em reprodutores de genética superior e em biotecnologias de reprodução (IA, IATF e FIV).

“Nessa fase haverá demanda por reprodutores avaliados e o cruzamento industrial volta com força total, focado na exportação e na produção intensiva através dos confinamentos”, acredita Menezes.

Segundo ele, no ciclo seguinte (2025/2026), com a valorização da bezerrada, naturalmente os produtores começarão a reter suas fêmeas e intensificarão a reprodução para produção de bezerros de reposição e abastecimento da alta demanda no mercado.

“Já em 2026/2027, em consequência da retenção de matrizes, haverá uma natural queda no abate de fêmeas. Em contrapartida, ocorrerá a intensificação  da procura pelo boi acabado. Em consequência, o preço da arroba subirá e o preço do boi de reposição acompanhará o mercado”, antecipa.

Para 2028, com a consequente subida da arroba, Menezes acredita que tanto o bezerro como o boi tendem a acompanhar esse ritmo e o produtor  deverá aumentar a produção de bezerros, principalmente pelo incremento reprodutivo realizado nos anos de 2026/2027. “Por fim, entre 2028/2029: renova-se o ciclo pecuário, que é contínuo, e nitidamente reflete o resultado do que acontece nas fases anteriores (5/6 anos)”, prevê.
 
 

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