01/09/2023 às 11h43min - Atualizada em 01/09/2023 às 11h43min

Agronegócio tem queda de 0,9% no segundo trimestre

Dos três mais importantes para economia, setor foi o único que teve queda. Indústria e serviços avançam

- Da Redação, com informações da Agência Brasil
Paulo Whitaker/Reuters/Arquivo (Agência Brasil)
O agronegócio brasileiro recuou 0,9% no segundo semestre de 2023 em relação ao primeiro trimestre do ano, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados nesta sexta (1/9). A retração se deve, principalmente, à base de comparação elevada, já que o setor tinha sido o grande motor do PIB nos três primeiros meses do ano.

De acordo com a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis, a queda se deve à produção de soja que está concentrada no início do ano. “Se olhamos o indicador interanual, vemos que a agropecuária é a atividade que mais cresce. Isso aconteceu porque 60% da produção da soja é concentrada no primeiro trimestre”, analisa Rebeca.

Apesar da queda no agronegócio, a economia brasileira teve resultado positivo em 0,9% no segundo semestre de 2023, na comparação com o período anterior.  Esta foi a oitava alta seguida. Na comparação com o segundo trimestre de 2022, a economia brasileira avançou 3,4%.
Os dados divulgados nesta sexta situam a economia brasileira em um nível 7,4% acima do patamar pré-pandemia e a posiciona no ponto mais alto da série histórica.

Setores
Os desempenhos da indústria (0,9%) e dos serviços (0,6%) explicam o crescimento do PIB no último trimestre. No caso dos serviços, a influência positiva é maior porque as atividades respondem por 70% da dinâmica econômica.

“O que puxou esse resultado dentro do setor de serviços foram os serviços financeiros, especialmente os seguros, como os de vida, de automóveis, de patrimônio e de risco financeiro. Também se destacaram dentro dos outros serviços aqueles voltados às empresas, como os jurídicos e os de contabilidade, por exemplo”, explica a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis.

A indústria teve crescimento pelo segundo trimestre seguido, com destaque para a extrativa (1,8%), impulsionada pela extração de petróleo e gás e de minério de ferro, produtos relacionados à exportação. 

Como um todo, a indústria segue acima do patamar pré-pandemia, mas não conseguiu superar o ponto mais alto da série histórica, atingido no terceiro trimestre de 2013.

Consumo
Pela ótica da demanda, o consumo das famílias avançou 0,9% no segundo trimestre. É a maior alta desde o mesmo período do ano passado. 
“Do lado positivo, o mercado de trabalho vem melhorando constantemente, há o crescimento do crédito e várias medidas governamentais como incentivos fiscais, vide redução de preços de automóveis, e os reajustes nos programas de transferência de renda, notadamente o Bolsa Família. Por outro lado, os juros seguem altos, o que dificulta o consumo de bens duráveis, e as famílias seguem endividadas porque, apesar do programa de renegociação de dívidas, elas levam um tempo para se recuperar”, avalia Rebeca.

O consumo do governo cresceu 0,7%, representando o quarto resultado positivo seguido. Já os investimentos apresentaram estabilidade (0,1%), mantendo a taxa de investimento em 17,2% do PIB, menor que a do mesmo período do ano passado (18,3%).

A taxa de poupança passou de 18,4%, no segundo trimestre do ano passado, para 16,9% no mesmo período deste ano. O fim da pandemia explica esse comportamento, segundo a analista do IBGE: “durante a pandemia, houve aumento porque as famílias de maior renda, por não poderem consumir certos serviços, pouparam esse dinheiro excedente. Com a normalização da demanda e oferta dos serviços, a taxa de poupança caiu”.  As exportações (2,9%) e as importações (4,5%) apresentaram alta ante o primeiro trimestre deste ano.

Comparação
Em relação ao segundo trimestre do ano passado, o PIB teve alta de 3,4%. Na mesma base de comparação, a agropecuária cresceu 17%, o melhor resultado entre os setores. Já a indústria cresceu 1,5%; e os serviços, 2,3%.

No primeiro semestre deste ano, a economia brasileira apresentou avanço de 3,7%, com destaque para a agropecuária (17,9%), novamente bem acima da indústria (1,7%) e serviços (2,6%). “[A agricultura] teve um ótimo resultado por causa das safras recordes de soja e milho”, explica a Rebeca.
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