(Foto:arquivo pessoal) A infestação por parasitas afeta rebanhos em todo o mundo, particularmente em países tropicais, como o Brasil, onde as condições climáticas favorecem o desenvolvimento desses organismos. Dessa forma, a gestão no controle de parasitos internos (endo) e externos (ecto) é um dos principais desafios da bovinocultura.
Para se ter uma ideia, estudos estimam que a pecuária brasileira perde, em média, US$ 14 bilhões/ano em consequência dos parasitos. De modo geral, os maiores vilões são quatro grupos de parasitos: nematódeos gastrintestinais, carrapatos, moscas e suas larvas (berne e bicheira).
“O controle parasitário integrado, que é capaz de combater simultaneamente os diferentes parasitos, impacta a rentabilidade das fazendas porque assegura o bem-estar animal, resultando em mais produtividade do rebanho”, afirma o médico-veterinário e gerente técnico da Elanco Saúde Animal, Octaviano Pereira Neto. “Muitos os estudos atestam que o gado em estado de bem-estar produz mais e melhor.”
De acordo com o especialista, o controle simultâneo também otimiza os demais investimentos realizados na fazenda, como os relacionados à nutrição, que abarca cerca de 70% de todos os gastos. “Vale lembra também que um animal parasitado por vermes não consegue absorver nutrientes da dieta, pois os parasitos destroem principalmente a mucosa abomasal e intestinal”, reforça.
Desafios Dentre os principais desafios, segundo Pereira Neto, está o manejo sanitário para o controle dos parasitos. “Manejar dez, vinte mil cabeças é, como podemos imaginar, uma operação complicada, por isso o controle simultâneo de diferentes tipos de parasitos, dentro de um calendário que leva em conta o ciclo reprodutivo dos agentes, facilita a vida do produtor e reduz o estresse do animal”, orienta.
Ele menciona que a primavera e o verão são as estações mais propícias à proliferação de carrapatos, moscas diversas, entre outros agentes, por conta da umidade e calor.
“No manejo do dia a dia, nessas épocas e no mesmo local, o que se vê é a incidência simultânea dos parasitos internos e externos no mesmo indivíduo. Ou seja, vermes, carrapatos, moscas variadas, entre outros parasitos, ameaçam a saúde dos animais, afetando o desempenho do rebanho e a produtividade da fazenda”.
Por isso, segundo o veterinário, não dá para focar a estratégia de controle em um parasito, isoladamente. “O desafio, na pecuária extensiva, é adotar uma estratégia multifuncional e eficaz de combate, com base em um calendário inteligente, que respeita a epidemiologia dos parasitos”, comenta. “Isso requer acompanhamento, capacitação e treinamento da mão de obra na propriedade.”
Aliados no combate Pereira Neto destaca que a tecnologia e a inovação têm contribuído para o combate aos parasitas. “Investir em tecnologia, como, por exemplo, em novas soluções capazes de concentrar diferentes moléculas eficazes no controle de diversos parasitos, ao mesmo tempo, com agilidade e excreção residual rápida, significa mais bem-estar para o rebanho e manejo simplificado, o que se traduz em mais produtividade”, reforça.
Para ele, tão importante quanto as novas tecnologias é o trabalho realizado através de consultorias que escutam as dores do produtor e os ajudam a estabelecer a melhor estratégia de combate e controle simultâneo dos patógenos, de forma personalizada. “Um negócio nunca é igual ao outro, por isso, a proximidade com a fazenda é fundamental.”
Redução de custos Por fim, Pereira Neto lembra que o controle integrado reduz os custos da fazenda com tratamentos medicamentosos para combater doenças causadas pela infestação de parasitos ou que podem ser agravadas por conta desse problema.
“Estamos falando da redução do uso de antimicrobianos, o que está em linha com a pecuária sustentável. Também significa assegurar ao consumidor final um produto de maior qualidade”, arremata.