Além de ser muito trabalhador e apaixonado por pecuária, o novo líder precisa entender de gestão estratégica da atividade. Para isso, ele tem que saber como aumentar a eficiência operacional da fazenda. O nome do jogo, hoje, não é mais produtividade, é eficiência operacional, uma combinação de produção alta com custo baixo, baixo desperdício e baixa negligência.
Essa é a visão de Miguel Cavalcanti, idealizador do Agro Talento, programa de mentoria, estratégia de negócio, gestão profissional e empreendedorismo para produtores rurais. Para Cavalcanti, o novo líder precisa reunir três condições que são muito raras, atualmente: habilidade de liderança, equipe engajada e processos na fazenda.
Segundo ele, fora da fazenda, o líder precisa ter habilidade, competência, treinamento em negociação e compra de insumos e de gado, além de conhecimento e maestria na venda do gado. “Além de acompanhar o cenário e entender de mercado futuro, precisa ter acompanhamento e análises recorrentes de mercado”, explica.
“São quatro pilares que influenciam no resultado da fazenda, margem na compra, produtividade, custo e eficiência operacional e margem na venda”, cita.
Na visão de Miguel Cavalcanti, outro ponto importante é a questão família, isso porque mais de 90% das fazendas do Brasil são familiares. “A gestão precisa de liderança, governança, sucessão e harmonia”, observa. “Tudo isso é o que faz o novo líder”, diz.
Para ter uma equipe colaborativa, afinada e feliz, o executivo afirma que “é necessário um programa, um método, um processo, um passo a passo para contratar gente boa, não tecnicamente, mas de índole boa, caráter bom e bons valores”.
Cavalcanti afirma que as pessoas precisam se sentir bem tratadas, pois elas vão cuidar da fazenda, do gado, das máquinas. E sugere que responda as perguntas: “Você está cuidando deles, importa-se, de verdade? É uma pessoa justa com os que trabalham com você? Sua fazenda é um lugar que dá orgulho trabalhar? É um lugar que as pessoas aprendem, ou não, comparado com outras propriedades da região? Tem futuro trabalhar lá, ou não?”
Para ele, o líder também precisa estar preparado para as turbulências do mercado. O ano de 2022, por exemplo, será marcado por instabilidade política, econômica e do câmbio. Soma-se a isso, a mudança de ciclo de preços. Segundo Miguel Cavalcanti, anos incertos, como o próximo, exigem uma gestão cuidadosa e uma estratégia de compra de insumos e de compra e de venda de gado muito bem desenhada.
“Assim, quando a pessoa questiona, vou vender meu gado, vale a pena confinar, comprar gado, a grande pergunta, e que a maioria não sabe responder, de uma forma profissional, é explicar qual a conta que ele fez”, destaca. “Cada vez mais, o líder consegue explicar as suas decisões, com base em uma dados, em uma planilha”, afirma o idealizador do Agro Talento.
Até o fim do ano, o Agro Talento está oferecendo uma reunião de análise de mercado semanal, para atualização e tomada de decisões mais assertivas. Em novembro deste ano o programa completa sete anos e contabiliza 1.600 alunos de 18 anos a 78 anos. Abrange sete estratégias: do negócio fazenda, do dono, de pessoas, de mercado, de compra e venda, de família e de processos e melhoria contínua.