14/01/2022 às 12h07min - Atualizada em 14/01/2022 às 12h08min

De grão em grão, milho aumenta produtividade

A eficiência da porteira para dentro é uma das maiores preocupações dos pecuaristas brasileiros, já que 80% da carne bovina produzida no país são consumidas pelos no mercado interno. Além disso, até setembro de 2021, 1,27 milhão de toneladas foram exportadas.

Diante desse cenário, buscar opções que auxiliem no aumento da produtividade dos bovinos de corte tem sido recorrente entre os criadores de gado no Brasil. Uma delas é a tecnologia de fornecimento de grãos inteiros de milho (ou alto grão) no confinamento de bovinos de corte, sucesso nos Estados Unidos e na Europa desde a década de 1970.

Segundo o doutor em zootecnia e supervisor técnico comercial da Agrocria Nutrição Animal no Estado de Goiás, Flávio Henrique Vidal Azevedo, a técnica do grão inteiro tem grande impacto no desenvolvimento dos animais, pois a ingestão diária de proteína e energia são aumentadas de forma substancial quando comparados a animais em regime de pasto ou com suplementações mais leves, com proteinados ou proteicos energéticos.

O especialista informa que, apesar dessa tecnologia já existir no exterior, foi necessária uma releitura para adaptá-la à realidade brasileira. “A dieta do grão inteiro é utilizada há muitos anos nos EUA, porém, o milho utilizado lá é muito mais farináceo que o do Brasil, então adaptações tiveram que ser feitas, com a utilização de milhos mais duros, chamados flint”, explica. Ele acrescenta que os estudos para a adaptação da dieta foram realizados em parceria entre Agrocria e a Universidade Federal de Goiás (UFG).

“Nos EUA, a utilização do grão inteiro é mais difícil, pois os milhos macios, farináceos, têm uma taxa de digestão e uma taxa de degradação muito maior, então a chance de entrar em acidose é muito superior, comparado ao Brasil’, comenta. “Por essa razão, a aplicação dessa técnica aqui foi bem mais simples, por conta das características do milho nacional.”

Azevedo afirma que a diferença da eficiência do grão inteiro nos confinamentos convencionais é basicamente a digestibilidade do amido. “A taxa de degradação do amido do milho no grão inteiro é mais baixa, assim, o animal pode comer altas concentrações de amido com um risco menor de acidose. Pois, como o milho é inteiro, alguns grãos de milho passam direto pelo trato gastrointestinal do animal, sendo excretado nas fezes”, explica. “Com isso, a digestibilidade final do amido do milho inteiro é um pouco menor, em torno de 5% quando comparado com o milho fino, moído”.

Em relação à produção, para efeito comparativo, o zootecnista informa que, em média, um bovino alimentado a pasto é abatido com até 20 arrobas, aos 36 meses de idade, nem sempre com o acabamento de carcaça desejado. Já o animal confinado com alto grão associado, pode ser enviado para o frigorífico antes dos 24 meses com premiação da indústria pela qualidade de carne. “Além do ganho individual do animal, a produção por área também será positivamente impactada”, diz.

Azevedo lembra, porém, que a lucratividade está diretamente relacionada ao valor de compra do animal e dos insumos. A utilização da tecnologia do milho grão inteiro pode aumentar tanto a produtividade individual quanto a produção por área e deixar lucros significativamente maiores, principalmente no período de seca. “Ao utilizar essa tecnologia, é possível adiantar em torno de 8 meses a 12 meses a idade de abate dos animais e, consequentemente, aumentar a produtividade e lucratividade desses”, arremata.


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