O dólar comercial e os juros futuros iniciaram os negócios desta segunda-feira em alta, refletindo o sinal negativo aos ativos de risco do cenário externo diante de dados piores do que o esperado da China e da disseminação da variante delta da covid-19 na Ásia e no hemisfério Norte.
Perto das 10 horas, a moeda americana subia 0,79% em comparação ao real, para R$ 5,2770. Nos juros futuros, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 passava de 6,47% no ajuste anterior para 6,485%; o do DI para janeiro de 2023 tinha alta de 8,16% para 8,17%; o do contrato para janeiro de 2025 avançava de 9,05% para 9,07% e o do DI para janeiro de 2027 subia de 9,40% para 9,42%.
“A aversão ao risco ganha força e os mercados iniciam a semana no campo negativo”, nota o Bradesco, em boletim diário. O banco avalia que a surpresa negativa com os dados da balança comercial da China reforça as preocupações dos investidores com os impactos da variante delta no processo de reabertura da economia, sobretudo nos países asiáticos.
Um movimento que merece destaque nesta manhã é o dos preços do petróleo. No Brasil, a semana começa também com os olhos voltados à inflação, após o Índice Geral de Preços - Disponibilidade (IGP-DI) divulgado pela Fundação Getulio Vargas acelerar de 0,11% em junho para 1,45% em julho, acima da mediana das expectativas apuradas pelo Valor Data junto a 14 consultorias e instituições financeiras, de 1,14%. Preços de matérias-primas como milho e soja, que tiveram suas safras afetadas por geada e seca, puxaram a alta do indicador, que pode vir a pressionar as taxas futuras de curto prazo nesta sessão.
Cabe pontuar ainda o novo avanço das projeções do mercado para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2021, de 6,79% para 6,88%, e de IPCA em 2022, de 3,81% para 3,84%, segundo o Boletim Focus do Banco Central. Após a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) mais inclinada à retirada célere dos estímulos monetários, a mediana da estimativa de taxa Selic ao fim deste ano e do próximo subiu de 7% para 7,25%.
Ainda assim, a Renascença observa que a curva de juros poderá ter um dia de “poucas movimentações”, diante do aguardo dos investidores pela semana consideravelmente agitada, em especial de questões envolvendo o cenário brasileiro, com direito à publicação da ata do Copom e ao IPCA de julho, ambos na terça-feira.
Ademais, os riscos políticos e fiscais permanecem no radar dos agentes financeiros. O acirramento das tensões entre o Executivo e o Judiciário no fim da semana passada roubou as atenções, mas a perspectiva de uma trajetória mais delicada das contas públicas segue inspirando cautela.
Nesse sentido, vale destacar o encaminhamento da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios e da Medida Provisória do Bolsa Família, que dividem ao longo da semana a atenção com a votação da reforma do Imposto de Renda na Câmara dos Deputados e a CPI da Covid no Senado, que ouve o líder do governo na Câmara, o deputado Ricardo Barros (PP-PR).