Para escrever na análise, o artigo desta semana, precisamos considerar diversos parâmetros: fundamentos do mercado do boi gordo; a sazonalidade e cultura; o fator ambiental; o alinhamento de todos os elementos citados.
Com o citado na abertura, temos uma oferta de fato melhor de gado terminado nas principais praças brasileiras (nove dias de escala de trabalho garantidos na média nacional), houve um retorno claro na oferta para os preços pagos no boi gordo para exportação, a redução chegou a alcançar R$ 30 por arroba na última semana.
O fator citado, e descrito em nossa coluna nas últimas semanas, já vinha deprimindo a arroba do boi gordo. Nesta semana, em especial, Semana Santa, há o fator cultural de não consumir carne vermelha em toda a semana ou na Sexta-feira. Particularmente, acredito que isso seja pouco relevante, até porque, falamos de preços de referência em exportações para a China, país não-Católico.
Entendo por ambiente três fatores. O primeiro, está relacionado ao fator clima que tem contribuído com volume maior de chuvas, conversões melhores em pastagens e, consequentemente, em maior número de animais prontos para abate a pasto (maior escala da indústria frigorífica) é o auge da safra de bois, em todo ano. O segundo, está em torno da ociosidade que há em parte considerável das plantas frigoríficas brasileiras, as que exportam e, ainda pior cenário, as que atendem apenas o mercado doméstico. Por último, a forte e rápida valorização do Real frente ao Dólar. Entendam como uma crítica construtiva ao setor econômico: moeda boa e moeda forte é moeda ESTÁVEL, sem sobe e desce bruscos, sem volatilidade.
Então temos a tempestade perfeita para o recuo nos preços da carne bovina em tonelada exportada (Reais); ligeira queda (ou estabilidade) no mercado atacadista; categorias em queda de preço forte por animal e arroba do boi gordo com preços mais baixos. Neste caso, é preciso se envolver com a visão de cadeia produtiva, precisamos dos fundamentos da década de 50 e que fundamentam o agronegócio, precisamos rever John Davis e Ray Goldberg.
E por qual motivo?
Não importa em qual elo da cadeia você esteja, mas estamos no pior cenário geral desde setembro do ano passado com a suspensão das exportações brasileiras para a China. Para citar um exemplo: o agora já confirmado fechamento da unidade do JBS em Ponta Porã, interior de Mato Grosso do Sul, depois de uns três meses de férias coletivas. Seguramente não é bom para o setor industrial, para os pecuaristas que terminam seus animais na região da fronteira (fronteira seca com o Paraguai), para o município, trabalhadores, etc. A ociosidade já estava grande demais ali, região cada vez mais agrícola.
Para finalizar, algumas situações me preocupam no médio prazo (não é exatamente o curto prazo, safra de boi está lá no teto, os preços caem). Há uma clara desvalorização do Dólar, e que vai continuar, que afeta a indústria inicialmente, depois pecuaristas e demais elos da cadeia. E, de certo modo, a impossibilidade de fazer hedge interessante para o produtor rural brasileiro. Os preços na B3 seguem caindo e as propostas têm piorado. Estamos em uma linha de baixa.
Hoje não há muito o que fazer em relação ao cenário atual, mas é possível reduzir custos, aproveitar para fazer aquisições de gado magro que caíram ainda mais e ficar muito atento ao movimento de mercado.
Tendência da semana: semana curta, com novas pressões negativas.