E finalmente vamos ter uma semana inteira no Brasil e, com isso, uma melhor precisão do tamanho do “tombo” na arroba do boi gordo. Depois de uma Semana Santa, um feriado em uma quinta-feira (dia de Tiradentes), teremos um período completo e com o dólar mais valorizado frente ao Real e com viés de alta. O elemento citado, pode trazer uma melhora no valor de negociação da arroba do boi gordo, que ressentiu bastante, em especial, nos últimos 15 dias.
Também, neste período, há o problema com os frigoríficos brasileiros (sem solução até segunda-feira 25/4) data de composição deste artigo, o que deu uma esfriada forte nos negócios, que contaram com pouca comercialização de animais e ofertas mais baixas pela arroba do boi gordo.
Outro fator de relevância para a pecuária de corte brasileira foi a redução dos dias garantidos de escalas de abates. A média nacional recuou na semana do feriado de Tiradentes para sete dias garantidos de trabalho na indústria. No estado de Mato Grosso do Sul houve o recuo de um dia, estabelecido também em sete. Em São Paulo houve estabilização em 10 dias, o pecuarista de Mato Grosso resistiu fortemente e as escaladas nas indústrias de pesquisas ficaram em quatro dias, com recuo de três.
Desde 21 de março, há uma queda superior a R$ 1 por dia na arroba do boi gordo, se considerarmos somente os dias de operação de mercado, considerada a data de composição do artigo, 25 de abril, o recuo é de R$ 26,80. É presente a dificuldade de segurar animais no pasto em parte do Brasil, cenário natural no curto prazo. Também é clara a pressão que o Real mais forte diante do Dólar trouxe ao internalizar seus efeitos na cadeia produtiva.
As observações para o mercado permanecem, principalmente ao pecuarista brasileiro. As operações de mercado devem seguir nas próximas semanas com o mesmo ritmo entre os elos da produção e indústria na cadeia produtiva. Pelos parâmetros dos operadores, ainda teremos boa oferta de gado pronto, propostas mais baixas pelo boi gordo, algumas disputas e negócios. Em linhas, o boi deve recuar um pouco mais nesta semana.
Entretanto, há algo que muda?
Sim. O dólar.
De acordo com recentes declarações de Jerome Powell, presidente do Sistema Federal de Reserva dos Estados Unidos (FED), a taxa de juros norte-americana vai subir 0,50 ponto percentual durante a reunião da instituição entre os dias 3 e 4 de maio. A intenção é controlar a inflação, que nos EUA, encontra-se estimada em 2%.
E como isso afeta o Brasil? Já afeta o mundo todo. Aqui no Brasil, traz a expectativa e confirmação de saída de capital. Da mesma forma que tivemos uma injeção forte de recursos financeiros do exterior (capital especulativo) com uma taxa de juros muito alta, o que atraiu investidores, o mesmo já ocorre em relação aos Estados Unidos, ainda que eles tenham uma taxa de juros muito menor que a brasileira, mesmo quando vier a alta. A economia deles é muito mais estável que a nossa.
O resultado disso já é um dólar bem mais elevado e isso deve seguir mesmo com uma nova taxa básica de juros no Brasil (Selic) em inacreditáveis 12,7%. O dólar pode seguir em alta no Brasil quando nos aproximarmos do período eleitoral. Este fator traz a expectativa de tonelada de carne bovina, exportação e arroba de boi mais caras em moeda brasileira.
Portanto,a expectativa segue de arroba do boi gordo sofrendo pressões no mercado interno brasileiro, mas com menor efetividade, se comparado aos últimos. Afinal, o preço já cedeu demais.