O andamento do mercado da pecuária bovina de corte segue dando fortes sinais de recuperação para arroba do gado pronto em velocidade ainda mais intensa do que a prevista. Reflexo da entressafra, de nenhuma sinalização de oferta melhor para o abate e as escalas da indústria frigorífica derretendo rapidamente.
Também, não posso deixar de citar dois fatores importantes ligados aos embarques de carne bovina. O primeiro deles, trata-se do valor da tonelada do produto exportado em maio, que atingiu quase US$7 mil por tonelada. Em segundo, a China (de acordo com seu próprio órgão oficial de controle), elevou em quase 33% a importação de carne bovina no mês passado, se comparado ao mesmo período de 2021.
Nos primeiros 15 dias de junho a arroba do boi gordo subiu, em média, cinco Reais nas praças de comercialização de São Paulo. Nos demais estados o movimento foi bem parecido com elevações de R$4 a R$5, fator que também puxou as fêmeas, com as altas alcançando R$3,5 e R$4, nas principais praças brasileiras. Chamou a atenção algumas boiadas em Mato Grosso do Sul e Goiás comercializadas acima do preço de referência. Fato que mostra ou comprova que a margem de negociação que a indústria frigorífica tinha, a escala frouxa, foi consumida rapidamente. A alta, em Reais, citadas são médias, mas tivemos altas ainda mais expressivas.
E as escalas?
O somatório de fatores, como a redução natural de animais prontos, oferta menor de gado em todas as praças produtoras e ocorrência de chuva em importantes estados estão dando o ritmo e o tom da redução das escalas das indústrias. A média nacional, no fechamento desta segunda-feira, estava em sete dias, um recuo considerável, pois além de cair três dias frente a uma semana, o período anterior ainda contou com um feriado na quinta-feira e uma “esticada” de off nas negociações na sexta-feira.
A queda nas escalas prossegue e em São Paulo os dias garantidos de atividade fabril alcançam oito dias. Em Mato Grosso do Sul as ofertas melhoraram e a indústria conseguiu dar manutenção em uma escala de oito dias. No estado de Goiás houve até o aumento de um dia, indo para seis de trabalho garantido, mas com oferta melhor na referência estadual. Mato Grosso manteve os cinco dias da última semana. Basicamente, um ajuste severo de oferta de gado para abate e demanda por matéria-prima para a indústria frigorífica que vai ser ampliada nas próximas semanas. O contexto obriga a indústria a seguir melhorando as ofertas.
E a China?
A China segue comprando carne, também liberando um pouco da entrada em seus principais portos que ainda seguem muito tumultuados depois de lockdown em importantes regiões logísticas que prejudicaram os descarregamentos de todo tipo de carga, inclusive carne bovina.
Em maio deste ano, de acordo com o Departamento de Alfândegas da China, as importações chinesas de carne bovina tiveram uma alta forte de 32,3%, uma marca de 220 mil toneladas do produto (diversas origens) chegando ao território chinês. Chama a atenção também que no acumulado de janeiro a maio de 2022, a China importou 940 mil toneladas, queda 4,4%. Contudo, os próximos meses devem trazer um realinhamento das aquisições por parte do país asiático e os números devem se aproximar dos de 2021.
Para a semana, o ritmo da cadeia produtiva segue e devemos ver as propostas de compras pela indústria subirem um pouco mais. É importante ter paciência para aproveitar os melhores momentos de vendas.