26/07/2022 às 11h12min - Atualizada em 26/07/2022 às 11h12min

Exportações em alta e novos mercados no radar

Os cenários futuros para pecuária bovina de corte brasileira têm se apresentado de uma maneira cada vez mais interessante, mostrando possibilidades de ganhar mercados que eram mais resistentes, mas, por vários motivos, cedo ou tarde (talvez seja cedo), tenham que ceder e se articular para a entrada do produto “Made in Brazil”. Faço o spoiler: estou falando do Japão.

Amigos, vejam só, é perceptível uma relação de cabo de guerra em torno dos preços praticados para a pecuária bovina de corte. A relação é simples: enquanto o pecuarista passa boa parte do dia pensando em como reduzir custos e vender o gado pronto em preços mais elevados, a indústria frigorífica também tenta reduzir seus custos com a matéria-prima e vender (seja no mercado doméstico ou no mercado externo) mais caro. A questão é, no caso, o custo industrial, ou boa parte dele, é justamente o boi gordo. O fato é que o setor fabril tem sido muito hábil em executar os procedimentos nas duas pontas.

Vejam só, um dos motivos de quem compra conseguir ofertar menos pelo produto é exatamente a oferta maior dentro do país. Há um maior número de animais indo para o abate. O fechamento das escalas das indústrias frigoríficas em alta de dois dias na última semana (São Paulo chegou a 16 dias de trabalho garantidos) comprovam isso.

Por outro lado, há um outro fator que precisamos ver. Este pensamento veio do meu amigo Orivaldo Melo, pecuarista, titular da Agropecuária Omel em Mato Grosso do Sul, que na última semana me ligou para comentar o artigo “De Olho no Mercado” publicado em 19 de julho. A linha de pensamento é não ser apenas uma oferta maior de animais no mercado, mas também uma ação de pressão em todo país para baixar os preços do boi gordo. Os números das exportações mostram isso, afirmou Orivaldo.

Faturamento com exportações segue batendo recordes

Por isso, trago aqui alguns números das exportações brasileiras de carne bovina nas parciais de julho (ainda falta uma semana para ser computada). Os números reforçam o aumento no valor da tonelada e até mesmo o volume. De acordo com a Secretaria de Comércio Exterior, em 16 dias úteis foram embarcadas 129,5 mil toneladas de carne bovina fresca, refrigerada e congelada, com uma média diária de 8,1 mil toneladas ao dia, alta de  7,7% comparado ao mesmo período do ano passado.

Entretanto, o que importa mesmo é a receita gerada. O preço da tonelada exportada encontra-se em US$6.617,60, alta de 21,6% em relação a julho do ano passado, quando o preço era de US$5.442. A receita geral com exportação de carne bovina encontra-se, até o fechamento da quarta semana (22/7), em US$858,1 milhões. Portanto, se considerada uma média de exportação de 8,1 toneladas ao dia, os números devem chegar a mais de US$1 bilhão para a indústria exportadora brasileira em julho de 2022, maior que os US$900,831 milhões de julho de 2021.

Voltando ao assunto inicial, mas ainda focado em exportações, a Austrália está investindo muito para tentar proteger o seu rebanho bovino da febre aftosa identificada na Indonésia e que tem tirado o sono das autoridades sanitárias do país. Neste negócio, o Japão, importante comprador de carne bovina australiana, está acelerando o processo para importar carne bovina brasileira, uma vez que o Brasil é livre de febre aftosa, sem vacinação. A vacinação sempre foi um impedimento para que o Japão (um dos países que pagam o melhor valor pela tonelada do produto) comprasse do Brasil.

Para a semana, e lembrando que falamos de pressão no artigo de hoje, com uma escala que subiu nas principais praças produtoras do país, é natural que tenhamos pressão com ofertas mais baixas que a referência. A resistência por parte do pecuarista existe, mas devemos ter alguma volatilidade.


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