É evidente para o pecuarista que a situação ainda não é boa, mas seguramente é melhor quando comparada aos preços da arroba do gado pronto com os valores praticados há 10, 15 ou 30 dias. Digamos, ser menos ruim. De fato, é um cenário de ligeiras altas, esperadas e lançadas em expectativa no artigo da última semana. Entretanto, ainda está em cima de pouca firmeza por conta de duas importantes variáveis: a demanda interna (ainda não ficou aguda) e as escalas da indústria frigorífica ainda são confortáveis.
A semana última ocorreu como previmos, com pressões exercidas pela ponta compradora, algo esperado e sem volta, mas com uma sensível melhora nos preços pagos por arroba. Acredito mesmo que após o feriado de Nossa Senhora Aparecida tenhamos novas altas. Trata-se de um momento de ser necessário a indústria realizar novas compras e acordos para manter suas linhas de abates.
A pergunta que fica é: somada o previsto de alta na última semana com o que devemos observar na segunda quinzena de outubro, temos um ambiente de elevação consolidado para arroba do gado pronto?
Não dá para dizer que o ambiente de alta é consolidado ainda. Ele é fruto da realidade de momento, de uma certa escassez de novas aquisições de matéria-prima para indústria. Cenário normal para a sazonalidade. Uma alta real, “consolidada” ainda necessita de uma demanda interna mais clara e intensa. Também uma exportação mais firme (novos contratos) para os grandes importadores, como a China.
Para esclarecer o cenário, os dados econômicos do Brasil seguem melhorando, são posicionamentos de fortalecimento das finanças do cidadão brasileiro no geral, IPCA — Índice de Preços ao Consumidor Amplo (inflação) recua há 15 semanas seguidas, a expectativa de alta no PIB sobe pelo mesmo período. Já existe um clima diferente, um sentimento mais confiante no brasileiro de maneira geral, mas o consumo de produtos, mesmo alimentícios, segue com pequenas e lentas altas. Chegará melhor, mas agora é mais a sensação que vai “chover a qualquer momento, não é chuva ainda”.
Também, os embarques volumosos para a China em setembro, que devem ocorrer em outubro também, são resultados de negociações anteriores, há poucas negociações com os compradores do gigante asiático. Entretanto, como o ano novo chinês será em janeiro, uma hora devemos ver uma aquisição mais encorpada para suprir o momento.
Observe: não estou dizendo que as exportações estão mais fracas, pelo contrário. As escalas bem fechadas até o final da segunda quinzena de outubro das indústrias brasileiras mostram que o ritmo segue forte. Outro fator é, se continuar na velocidade que está, a indústria frigorífica brasileira pode ter um faturamento em outubro, com as exportações, de cerca de R$ 7 bilhões. Bem expressivo.
Para encerrar, mantenho a expectativa de melhoras para arroba do boi gordo, com mais agudez, a partir do final desta semana. Será mais curta e tende a ter poucos negócios. No mais, foco na estratégia de vendas.