16/11/2022 às 11h14min - Atualizada em 16/11/2022 às 12h03min

A influência (e estratégias) da China na formação do preço da arroba no Brasil

Uma semana com feriado nesta terça-feira (o segundo do mês), 15 de novembro, reduzindo o tempo de negociação em período de observação de alguma recuperação para a arroba do boi gordo, da movimentação tradicional de compra e venda e, também, daquela velha manobra da China em (sempre fez) desvalorizar sua própria moeda para ganhar competitividade na exportação de seus produtos (manufaturados) e há quase um ano utilizar para buscar repactuação de contratos de compra de carne bovina.

Expressos os temas que serão tratados no chamado (lead) destaco algo não contemplado no primeiro parágrafo: os abates de bovinos no terceiro trimestre, divulgado em relatório preliminar do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Os números ali apresentados mostram um volume mais intenso de abates tanto no comparativo com o mesmo período sazonal de 2021, quanto frente aos dados fechados do segundo trimestre de 2022.

Entre julho e setembro de 2022 os abates de bovinos (em qualquer tipo de serviço de inspeção sanitária) totalizaram 7,81 milhões de cabeças. O número representa elevação de 11,2% em comparação com o 3º trimestre de 2021 e alta de 5,8% em relação ao 2º trimestre de 2022. Outro dado interessante é em relação ao produzido em carcaças bovinas, o resultado foi de 2,12 milhões de toneladas no 3º trimestre de 2022. Um incremento de 11,1% em relação ao mesmo trimestre do ano anterior e aumento de 9,2% frente ao apurado no 2º trimestre de 2022.

* observação: Nos dados preliminares não vieram as definições de fêmeas / participação nos abates. As informações serão apresentadas no levantamento final do trimestre.

Há quase um ano (nossa coluna semanal está no 14º mês aqui no Canal do Pecuarista – Naturafrig) tenho escrito, regularmente, sobre algumas estratégias chinesas para tornar os seus produtos exportados, maior parte de manufaturas, mais competitivos. Então, faço uma afirmação: a China, muito provavelmente, desvaloriza a sua própria moeda, o Yuan, de maneira artificial para ficar com produtos mais baratos frente aos seus concorrentes internacionais. O que estou dizendo é que além de ter uma mão de obra mais barata, escalada de produção muito alta, políticas públicas favoráveis para a industrialização e atividade laboral, o gigante asiático também joga o valor de sua moeda lá embaixo (sem gerar desconforto para sua própria população). Escrevi “muito provavelmente” pela China, através de suas lideranças econômicas jurarem que buscam o tempo todo valorizar o Yuan, mas ocorrer justamente o efeito contrário.

Dando continuidade ao fato escrito acima, a China usou e usa durante no ano de 2022 a fraqueza de sua moeda para repactuar os contratos de compra de carnes, principalmente bovina. Os valores da tonelada da carne bovina exportada para a China subiram mensalmente até junho deste ano, quando se alcançou o recorde de valor de US$ 7.330 por tonelada exportada, de julho para cá, os valores só recuam e em outubro o valor médio ficou em US$ 6140 por toneladas. Outubro de 2021 não oferece um parâmetro comparativo interessante, uma vez que a China estava fora das compras e a média foi de US$ 5.166,5 por tonelada. De qualquer maneira, os preços ligeiramente mais baixos pagos pela China pela carne bovina foram repassados em toda a cadeia, principalmente em cima da arroba do gado pronto brasileiro.

Por fim, mais uma semana em novembro com feriado no meio da semana, a tendência no curtíssimo prazo segue sendo de incremento nos preços pagos pela arroba do boi gordo no país.


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