22/11/2022 às 09h23min - Atualizada em 22/11/2022 às 09h23min

Exportações de carne bovina brasileira devem seguir fortes em 2023

O mercado da carne bovina segue bastante complexo, mas não sem rumo como cheguei a ler durante a última semana. O ano está encerrando, restam menos de 40 dias para entrarmos em 2023 e a expectativa para curtíssimo prazo segue a mesma, o boi deve subir. Para um prazo um pouco maior teremos desafios e devemos ver (sim) alguma recuperação no consumo interno e as exportações devem seguir fortes.

Como de hábito, começo pelo último argumento, no qual, regularmente, são questionadas ou colocadas em dúvidas as reais necessidades de importação e até interesse de compra de carne bovina pela China. Realmente é de sazonalidade muito acelerada o argumento e costuma surgir, basicamente, quando a arroba ensaia alguma recuperação.

Com isso, vou contra-argumentar o fator da China, quanto a recuperação total de seu rebanho suíno e como tal fato seria danoso para as exportações brasileiras de carnes, principalmente bovina. Primeiro, a China não apenas fez ou faz uma reposição do seu rebanho de abate de suínos. A China reestabeleceu, reorganizou e redefiniu os parâmetros de produção animal, trazendo maior segurança alimentar, de guarda, evitando riscos de contaminação por Peste Suína Africana e outras doenças que possam ameaçar o rebanho.

No entendimento de muita gente, a Peste Suína Africana, que fez os chineses terem usar rifle sanitário contra a maior parte de seu rebanho suíno, foi uma grande solução para profissionalizar a produção no país, eliminando, provavelmente, toda a produção de fundo de quintal que havia.

“Então, o argumento de que a recuperação do rebanho suíno da China pode prejudicar o interesse em carne bovina (principalmente do Brasil)?”

Não. O argumento está errado! Melhor dizer… Acredito estar errada a afirmação.

Explico: Toda a situação descrita anteriormente, encareceu muito, mas muito mesmo, a produção de suínos na China. Ao mesmo passo, enquanto alguns tentam descrever ou insinuar uma perda de ritmo da economia chinesa, para muitos economistas é apenas um amadurecimento da economia daquele país. Quer dizer que o consumo tanto em volume e qualidade não vão cessar ou reduzir. Ele vai continuar subindo! Presumo: a China vai precisar de toda a sua capacidade de produção de carne suína (vai seguir elevando as compras de soja e milho do Brasil e EUA) e também importar volumes ainda maiores de outras carnes, inclusive a bovina, de diversos países. Até diria que os chineses não conseguem mais ficar sem carne bovina. Especulação? Pode ser….

Lembro de uma frase que muitos não gostam de ler: A China é o país com a maior tradição de comércio do mundo! Não é fácil negociar com eles. Também, quem compra tenta sempre reduzir ou propor valores menores para o que está comprando.

Também, os preços da arroba no momento estão em estabilidade e devem apresentar novas altas. Nada muito forte, mas algo que reflita a pouca quantidade de animais para abate no momento. Em pouco mais de um mês vamos ver situações sazonais coincidindo. Em janeiro, a tradicional ressaca de consumo no Brasil (consumo geral) causada pela grande quantidade de tributos no começo do ano e, também, uma oferta maior de fêmeas, ocorre normalmente, mas pode ser um pouco mais intensa no começo de 2023. Neste aspecto, há um cenário mais desafiador. Por outro lado, prefiro pensar que os cenários vão melhorar internamente no Brasil, a demanda externa vai seguir subindo e, talvez, o desenho de alguns analistas brasileiros de preços mais baixos para arroba em 2023 seja apenas um esboço descartado no cesto.

 


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