Aquela queda de braço entre vendedores de boi gordo e seus compradores, citada há várias semanas em nossos artigos com início em janeiro, começou. A primeira semana de negócios foi marcada por baixa liquidez no mercado de animais prontos, algo bastante comum em começo de ano. Contudo, o cenário veio acompanhado com informações, nesta última segunda-feira, com mensagem de plantas frigorificas estarem com escalas bem fechadas.
E é fato?
Ora, para responder isso vou comentar antes os feitos em outros elos da cadeia. De qualquer forma, o nosso leitor sabe que isso ocorreria, mas outros elementos têm trazido o efeito de uma maneira mais intensa e articulada. Digo isso por conta da representatividade dos recuos já registrados em 2023 e também por estarem implantados em diversas praças brasileiras.
O primeiro termômetro que destaco é o grande comércio varejista. Neste caso, foco essencialmente no varejo paulistana e carioca, são realidades de forte consumo e que apresentam volumes menores de vendas na primeira semana do ano. Aproveito para mandar um abraço para o João Henrique, pecuarista de Campo Grande que sempre observa o varejo da capital sul-mato-grossense. É importante, mas nas questões de escala e volume, não possui a representatividade das duas primeiras praças citadas.
Se a situação não está legal nas maiores praças varejistas do Brasil, podemos afirmar que o cenário não é melhor no atacado paulista. Há ajustes negativos de preços, com a demanda baixa e o fator logístico de distribuição também está devagar.
Com isso, a estimativas se mantêm e vão sendo confirmadas diariamente. Há uma lentidão claro no mercado do boi gordo e, para ser franco, mesmo agora dado o início da segunda semana de janeiro, ainda tem muitas indústrias fora da ponta compradora. Este é um sinal claro que SIM, existe contingente de animais a serem abatidos que garante algum conforto nas escalas.
Para encerrar, a primeira semana de embarques de carne bovina do Brasil para a China, foi animadora. Claramente é cedo para projetar o volume e a receita, mas se o “voo” seguir como está, a indústria pode chegar perto de faturamento em janeiro de 2023 próximo a R$ 5 bilhões. Entretanto, toda a carne embarcada é resultado de animais que foram negociados há mais de um mês e não entre o final de dezembro e 2023.
Com isso, a segunda semana deve seguir muito parecida com a primeira, contabilizando prováveis propostas de compras por valores mais baixos. O pecuarista precisa estar atento em alguns custos, quem usa milho para terminar, suplementação de forma geral. As tradings que operam no Brasil embarcaram em 2022 o volume de 43 milhões de toneladas, a China abriu para o milho nacional; neste novo ano o ritmo deve seguir. Apenas na segunda-feira, dia 9 de janeiro, o milho subiu, em média, nas posições de mais curto prazo, 1,5%. Os substitutos do milho também estão pegando carona. Então a atenção é total e boa pastagem fundamental para um ano tão desafiador.