08/11/2021 às 11h31min - Atualizada em 08/11/2021 às 11h31min

COP26 pode salvar o Planeta do aquecimento global ou sentenciá-lo à degradação

Até 12 de novembro, aproximadamente 200 países estão reunidos em Glasgow, capital da Escócia, para discutir as formas de conter o aquecimento global provocado pela ação humana, evitar o aumento da temperatura e impedir uma catástrofe natural sem precedentes. Na verdade, imprevisível. O aquecimento que combatemos hoje começou em meados do século XVIII, por volta de 1760, com o início da Revolução Industrial, que deu o início à queima de combustíveis fósseis para produção de bens duráveis e de consumo em larga escala.

A história do aquecimento global provocado pela atividade humana é um assunto que provocou muito debate nas últimas décadas. Por motivos bastante diferentes, negacionistas do clima não se convenciam que a atividade humana estava interferindo nos ciclos climáticos do Planeta.  Essa visão começou a tomar outros rumos após a divulgação de um relatório encomendado pela Organização das Nações Unidas (ONU) chamado IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) junto a cientistas e meteorologistas de vários países e divulgado no começo deste ano. Antes do relatório, no entanto, publicações científicas vinham trazendo partes do que ele conseguiu juntar em seu inventário.

O relatório é uma bala de prata nos argumentos dos negacionistas de que a atividade humana não interfere no clima: prova, com dados científicos, que desde 1850, quando o homem começou a queima em escala do combustível fóssil, a Terra aumentou a temperatura em 1,1º; as últimas 4 décadas foram as mais quentes da história climática; a Terra nunca foi tão quente assim nos últimos 125 mil anos e que até 2100 a temperatura pode aumentar mais 1,5º.

Foram milhões de registros climáticos de todas as partes do Planeta compilados durante décadas a partir de estações meteorológicas em embarcações, satélites e em terra. A conclusão é que os gases que formam nossa atmosfera absorvem todo o calor que produzimos com a queima de combustíveis fósseis, o aprisiona, impede que seja liberado e aquece o Planeta.

Esses gases retêm o calor e impedem que sejam expelidos da atmosfera para a estratosfera, como numa panela fechada no fogo, aquecendo todo o globo. O pior de todos os gases, por ser abundante, é o Dióxido de Carbono (CO₂), embora haja outros.

Até 1850 o aquecimento da Terra inexistia. As variações foram naturais e perenes por milhares de anos. Um dos textos do estudo mostra que até 1850 havia 300 PPM (partes por milhão) e após 1850 está em 440 PPMs de CO₂ no Meio Ambiente. A acidez nos oceanos aumentou em 40%, seu nível é o maior em séculos, e cresceu 20 centímetros desde 1900.

Por outro lado, é bom lembrar e admitir que a Terra passou por períodos drásticos de superaquecimento. Mas o homem não existia e os ciclos foram provocados por instabilidade gravitacional e atividades vulcânicas.

Os desastres naturais causados pela desestabilização do ciclo climático estão aumentando numa escala preocupante e devastadora, e a COP26 é a última esperança para tomada de decisão definitiva em relação ao problema.

Na verdade, o problema é basicamente um só: zerar a queima de combustíveis fósseis e outras fontes de emissão de gases que aprisionam o calor e superaquecem a Terra. Além dos combustíveis, temos que pôr fim à derrubada e queima da florestas e madeira. A árvores em pé retém o CO₂, evitando que ele atue na atmosfera aprisionando o calor no nosso Meio Ambiente. O corte e a queima liberam o gás aprisionado, com efeitos imediatos. É nesse capítulo que o Brasil está inserido.

Caso a COP não estabeleça uma data de corte, final, para a o uso dos combustíveis fósseis, de forma compromissada e transparente, os primeiros efeitos breves esperados são o desaparecimento de 47 países na Oceania (se a capa de gelo da Groenlândia ou os polos derreterem), o deslocamento de 40% da população mundial que vive à beira mar deslocada ainda no século 21 e o desaparecimento das cidades litorâneas. Os ciclos da agricultura vão se tornar imprevisíveis, o comportamento do clima será uma loteria diária e a economia mundial entrará em colapso causando fome, guerras e destruição. A raça humana corre risco.

Parar e reverter

Porque parar de aquecer o Planeta é tão complicado, quando sabemos que se o aquecimento não for contido, sabemos o que vai acontecer?

Porque toda a cadeia produtiva que dá suporte à economia e à vida estão estruturadas sobre a atual matriz energética, à base da queima de combustíveis fósseis, entre eles os dois vilões mais perigosos: o carvão e o petróleo. Alterar toda essa estrutura milenar não se faz num passe de mágica. O Planeta não pode parar 5 anos para ser consertado como se fosse um carro à beira da estrada.

Chegamos no ponto em que teremos que trocar os pneus com o carro em movimento. 

Num primeiro momento, negar o aquecimento global foi uma forma de manter o status quo.

Mas o que será que aconteceu para essa mudança das nossas lideranças políticas e empresários tão reticentes? O que levou a uma mobilização de 200 países, governantes, empresários e ativistas a saírem correndo, como numa situação de emergência, para evitar uma catástrofe que pode ser irreversível? Ao menos para os humanos?

Governos e lideranças sociais e empresariais começaram a sentir concretamente os efeitos das mudanças climáticas. Elas passaram a ser visíveis a olho nu para qualquer ser humano, acadêmico ou um simples cidadão operário. Causam prejuízos materiais imensos, rouba o teto de milhares de pessoas e mata pobres e ricos. Ninguém está fora desse guarda-chuva. 

Diante da escalada do descontrole do tempo e da temperatura, as lideranças políticas, empresariais, cientificas, acadêmicas e culturais descobriram que não há mais tempo para divagar sobre o assunto.

Diante disso, até o presente momento, os 200 países em comum acordo decidiram eliminar o desmatamento e queimadas até 2030 para evitar a captura do calor pelo dióxido de carbono, iniciar um processo de reflorestamento onde for possível, substituir os combustíveis fosseis por biocombustíveis ou por outras fontes renováveis e que não poluem como energia elétrica de fonte limpa e hidrogênio e, principalmente, eliminar o vilão chamado carvão.

Via de regra, as maiores economias e responsáveis por grandes quantidades de dióxido de carbono na natureza, de uma forma generalizada, decidiram que 2050 é o ano limite para uma transposição para uma economia e um sistema produtivo a partir de energias limpas, grande volume de investimento em fontes solares e eólica, além de buscas alternativas como os biodefensivos agrícolas e a queima de excrementos de bovinos para eliminar o gás metano. 

A COP deve discutir questões transversais, mas relacionadas ao tema, como a pobreza e a fome. Metade dos países precisam de ajuda para a solução. Investimentos em economias limpas aos países pobres para pararem de destruir o Meio Ambiente porquê não têm liquidez para resolver sozinhos, ou são vítimas do aquecimento global e estão imobilizados.

Na verdade, não é uma ajuda nem bondade, empatia. É apenas um investimento para salvar a única casa que todos temos para morar. Mesmo que uns morem nos melhores cômodos e outros, nos fundos. A casa é a mesma. Investir em países pobres, é manter a casa em dia.

Dependemos de nós mesmos.


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