O Brasil demonstrou na Conferência Internacional do Clima, a CPO26, em Glasgow, na Escócia, que está, definitivamente, engajado na luta contra o aquecimento global provocado por emissões de gases do efeito estufa que superaquecem o planeta. Reafirmou os compromissos da Conferência de Paris, antecipou metas e se comprometeu implantar 14 metas como objetivos urgentes.
Referendou decisões transnacionais de eliminação do desmatamento escalonado entre 2022 e 2030, fim da utilização de combustíveis fósseis até 2050, zerar a emissão de metano até 2030, intensificar a pluralidade de matrizes de energias renováveis até 2060 e o fim do uso do carvão até 2050 pelos países da OCDE. Também concordou com os contornos legais do mercado de carbono, que pretende incentivar florestas em pé.
Ficou acordado investimento de US$ 100 bilhões por ano de países desenvolvidos, dobrar o financiamento para as transições necessárias em países pobres em seu processo produtivo e o reconhecimento que a agricultura é parte da solução do problema.
O objetivo é evitar que o planeta não ultrapasse a sua temperatura média em 1,5º até 2.100, e evitar o que passou a ser denominado de “pobreza climática”. Será necessário também revisitar os compromissos com as neutralidades, a submissão às Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDC, em inglês), os novos compromissos com essas medidas até 2035 e 2040 e a criação de um grupo ah doc para estabelecer novas metas de financiamento climático até 2024.
Para um balanço, métrica e acompanhamento das medidas adotadas, a próxima reunião, a CPO 27, será no Egito já em novembro de 2022.
As preocupações internacionais com o Brasil são a sua política para o Meio Ambiente, a expansão da fronteira do agronegócio em áreas de floresta primária, o desmatamento ilegal, queimadas que produzem gases do efeito estufa, a degradação e envenenamento de rios com o garimpo ilegal, efeitos sobre as populações locais e o metano, emitido pela pecuária.
No entanto, o presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Celso Moretti, diz que “a agricultura brasileira tem uma base sólida e muito forte em ciência, tecnologia e inovação. A inovação que nós desenvolvemos ao longo das últimas cinco décadas está no coração e no sucesso do desenvolvimento da agricultura brasileira”.
Ele destaca que o Brasil vai se tornar uma economia neutra em emissão de carbônico com a participação forte do agro brasileiro.
Fernando Camargo, secretário de Desenvolvimento Sustentável e inovação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) diz que a tecnologia tem que chegar aos pequenos produtores. “O grande desafio é fazer isso chegar para todos. É fazer não só com que o grande e o médio tenham acesso a essas novidades, ao melhor da ciência, ao melhor dos produtos, das novas tecnologias”, disse.
Boa parte dos 6 milhões de agricultores brasileiros não têm acesso à tecnologia e o Governo precisa do apoio e da iniciativa privada, do terceiro setor e de instituições como a Confederação Nacional da Agricultura (CNA) para levar ciência e inovação ao pequeno produtor, acredita.
Metano
Na agropecuária, o metano é emitido pelo arroto do boi, na chamada fermentação entérica. Mas não é só com a criação de gado, os aterros sanitários e lixões, os vazamentos nas estruturas de petróleo e gás natural (emissões fugitivas), no manejo de dejetos animais e na queima de combustíveis fósseis para produção de energia também emitem metano.
Na COP 26 a Embrapa apresentou soluções para diminuir essas emissões. Uma das várias soluções é o melhoramento genético da pastagem, com capim mais digerível, o melhoramento genético dos animais que antecipe o abate aos 356 meses e não aos atuai 48, tecnologia que permita aditivos no alimento para a aceleração da digestão, como tanino e óleos extraídos do capim limão. Estudos da Embrapa indicam redução de 30% a 90% da emissão de metano na pecuária com tais medidas.
Ainda no campo, uma das soluções bastante bata para energia limpa é o uso do biogás produzido por desejo de animais e resíduos de cana-de-açúcar.
Caminho
O plano ABC possui linha de crédito para financiamento da agricultura verde. O plano diminui o impacto ambiental na agropecuária por impor tecnologias resolutivas para a emissão de gases, entre elas criar floresta plantada, recuperação de pastagens, plantio direto, Fixação Biológica de Nitrogênio no solo, manejo de dejetos de animais e integração lavoura-pecuária-floresta.
Desde 2018, o Trabalho de Koronivia sobre Agricultura, até a CPO 26, as Partes (Nações) discutem agropecuária e mudança do clima, para adaptação, mitigação, manejo de pastagens, uso de fertilizantes, etc. A transição dos atuais sistemas alimentares de produção para uma agricultura mais resiliente ao clima, levando-se em consideração a segurança alimentar, a erradicação da fome, em busca de objetivos climáticos.
Segundo o relatório sobre a COP 26 feito pela Associação Brasileira das Indústrias Exportadores de Carne (Abiec) “há uma visão comum de que é preciso definir como promover inovação, tecnologia e assistência como base para permitir a adaptação dos sistemas produtivos e, quando possível, a redução de emissões”.
O relatório reconhece que “os sistemas de gestão da pecuária são vulneráveis aos impactos das mudanças climáticas, e que os sistemas pecuários geridos de forma sustentável têm alta capacidade de adaptação e resiliência às mudanças climáticas, enquanto desempenham um amplo papel na salvaguarda da segurança alimentar e nutricional, meios de subsistência, sustentabilidade, ciclagem de nutrientes e gestão de carbono”.
As nações “concordaram com a necessidade de avançar com o Trabalho Conjunto de Koronivia sobre Agricultura tem um impacto nas entidades financeiras e pode ajudar a alinhar melhor as organizações internacionais e processos em seu trabalho sobre agricultura e mudança climática”.
*Propostas do Brasil
Reduzir 30% das emissões de metano até 2030
Compromisso voluntário: independente da Convenção do Clima e do Acordo de Paris
Reconhece que as emissões de metano advêm de energia, agropecuária e resíduos
O esforço mais ambicioso de redução de metano deve ocorrer no setor de energia.
Agropecuária - reduções com adoção de tecnologias e inovação e apoio aos produtores rurais
Não há menção a redução do consumo e produção de proteína animal
Aprimorar a contabilização de emissões de metano, usando o nível mais elevado do IPCC
Debate científico sobre metano (https://www.globalmethane.org/partners/detail.aspx?c=brazil)
Impedir emissões fugitivas de óleo e gás biogás, carvão, shale gas e resíduos
Reduzir metano: aditivos na alimentação, pastagem, vacina, a redução de idade de abate
Redução de CO2 e óxido nitroso também com recuperação, para pecuária sustentável
China, Rússia e Índia, 3 dos maiores emissores de metano não assinaram o compromisso
A meta de redução de 30% de metano é global e não mandatória.
A pecuária brasileira não terá metas obrigatórias não significa falta de obrigações
O Brasil contudo, buscará promover redução de metano o que inclui a pecuária
Contribuir com a meta global, envolvendo os setores de energia, resíduos e agropecuária.
Inventários de emissão e remoção e definir o Brasil junto a Global Methane Initiative
Usar metodologias sobre GTP e GWP, trazida nas comunicações nacionais
*Fonte – Relatório Abiec